Os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia ultrapassam as fronteiras geopolíticas do Leste Europeu. Nesta quarta-feira (30), o vice-presidente do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Carlos Felipe Jaramillo, afirmou que, na América Latina, cerca de 13 milhões de pessoas que teriam a chance de sair da pobreza consequente da pandemia continuarão nessa situação pelas consequências do conflito russo-ucraniano.
“Há 2 meses achávamos que o nível de pobreza na América Latina, que com a covid chegou a 26% [169 milhões] da população, voltaria a 24% de antes da pandemia [156 milhões]” , disse Jaramillo em entrevista ao jornal 'Valor Econômico'. “Mas neste momento mantemos os 26%, portanto os 2 pontos percentuais adicionais" , concluiu.
As estatísticas do Banco Mundial consideram uma renda per capita diária de US$ 1,90 em PPC (paridade do poder de compra, que reflete as diferenças de custo de vida entre os países).
O aumento do valor dos combustíveis e do petróleo, a inflação, a alta nos preços dos fertilizantes e alimentos devem levar o Banco Mundial a analisar novamente e até mesmo diminuir as projeções de crescimento da América Latina, que era de 2,6% em janeiro.
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Segundo Jaramillo, há países que se beneficiam dos efeitos econômicos da guerra, como os que exportam petróleo e alimentos. O Brasil está nesta categoria. “Uma parte da economia brasileira se beneficia. Mas o Brasil tem sido afetado pela seca" , diz.
Segundo o vice-presidente, o preço de fertilizantes e a disponibilidade desses recursos é um tópico mais importante para o país.
Pobreza causada pela pandemia
Uma pesquisa da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), apontou que pandemia da Covid-19 tornou mais intensa a pobreza na América Latina, que atingiu 33,7% da população da região em 2020 –o maior nível desde 2008. Eram 209 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza, 22 milhões a mais que no ano anterior. A extrema pobreza atingia 12,5% da população (78 milhões de pessoas).
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