Rússia ameaça atacar comboios que levam armas do Ocidente à Ucrânia
Ataques podem gerar risco de expansão do conflito, pois forças da Otan envolvidas nas entregas se tornariam alvos
A Rússia alertou os Estados Unidos neste sábado que suas tropas podem atacar carregamentos de armas do Ocidente para a Ucrânia, invadida pelo Exército russo há mais de duas semanas.
"Alertamos os Estados Unidos que a entrega de armas que estão orquestrando de uma série de países não é apenas um ato perigoso, mas também transforma esses comboios em alvos legítimos", alertou o vice-primeiro-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, em uma entrevista com o canal de televisão Pervy Kanal.
As entregas de armas do Ocidente têm sido realizadas em operações envoltas em segredo. Alguns embarques estão sendo coordenados por meio de centros logísticos na Romênia e na Polônia, que tem grande interesse em que a Ucrânia se proteja da Rússia.
Neste sábado, o jornal Washington Post noticiou que os EUA estão trabalhando com os aliados europeus para disponibilizar sistemas de defesa aérea “mais sofisticados” e outras armas à Ucrânia. O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que os EUA estão comprometidos em armar Kiev com "os tipos de recursos que sabemos que os ucranianos precisam e estão usando muito bem'.
Um ataque às remessas poderia incluir alvos ocidentais, o que causaria um perigoso risco de expansão do conflito. Se forças da Organização do Atlântico Norte (Otan) envolvidas na entrega de armamentos forem atacados, os membros da organização considerarão a possibilidade de revidar.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, já declarou anteriormente que um ataque russo às linhas de abastecimento de nações aliadas que apoiam a Ucrânia seria "uma perigosa escalada da guerra".
A ameaça russa, a mais explícita referência a um cenário já descrito por estudiosos de assuntos militares antes, acontece em um momento em que as forças de invasão encontram dificuldades para avançar, frente a erros no planejamento da missão e uma tropa com o moral baixo.
Relatos de inteligência indicam que a Rússia previa uma resistência muito menos feroz do que a encontrada. No lugar disso, encontrou forças ucranianas equipadas com eficazes armas antitanque e contra aeronaves, que tem produzido grande destruição em equipamentos russos. Observatórios do conflito calculam que a Rússia já perdeu mais de 500 veículos blindados.
Ryabkov citou particularmente sistemas de defesa aérea portáteis (Stingers) e sistemas de mísseis antitanque (Javelins) como alvos.
Ryabkov também disse que as "garantias de segurança" que a Rússia exigiu do Ocidente, incluindo que a Ucrânia nunca se juntaria à Otan, não são mais válidas.
"A situação mudou completamente. A questão agora é alcançar a implementação dos objetivos de nossos líderes", disse ele, referindo-se à deposição de armas e à desmilitarização da Ucrânia — equivalentes a uma rendição — exigidas pelo Kremlin.
— Com informações de AFP.