Família de manifestante morto por atirador absolvido diz que "não houve justiça"
Os pais de Anthony Huber lamentaram que não houve nenhuma responsabilização para o autor dos disparos com um rifle AR-15
A família de Anthony Huber, uma das pessoas mortas por Kyle Rittenhouse com um rifle AR-15 numa manifestação antirracista em Kenosha, no estado americano de Wisconsin, em 2020, emitiu um comunicado nesta sexta-feira sobre o absolvição do jovem branco, à época com 17 anos. Os pais de Anthony lamentaram que não houve nenhuma responsabilização para o autor dos disparos.
"Não se enganem: nossa luta para responsabilizar os culpados pela morte de Anthony continua com força total. Nem o Sr. Rittenhouse nem a polícia de Kenosha que autorizou sua violência sangrenta escaparão da justiça. Anthony terá seu dia no tribunal", disseram os pais de Anthony, Karen Bloom e John Huber.
Rittenhouse foi julgado por cinco acusações: duas de homicídio, uma de tentativa de homicídio e duas de pôr em risco a segurança dos demais cidadãos. Se fossem confirmadas, ele poderia ter sido condenado à perpétua. Ao receber a absolvição, ele começou a chorar no plenário. O processo polarizou a opinião pública dos EUA e deve ter repercussões no debate sobre o racismo na sociedade americana.
Leia a nota, assinada por Karen Bloom e John Huber, na íntegra:
" Estamos com o coração partido e com raiva porque Kyle Rittenhouse foi absolvido em seu julgamento criminal pelo assassinato de nosso filho Anthony Huber. Não houve justiça hoje para Anthony, ou para as outras vítimas do Sr. Rittenhouse, Joseph Rosenbaum e Gaige Grosskreutz.
Não comparecemos ao julgamento porque não suportamos sentar em um tribunal e assistir repetidamente a vídeos do assassinato de nosso filho e porque fomos submetidos a muitos comentários ofensivos e desagradáveis no ano passado. Mas observamos o julgamento de perto, esperando um desfecho.
Isso não aconteceu. O veredito de hoje significa que não há responsabilização para a pessoa que assassinou nosso filho. Isso envia a mensagem inaceitável de que civis armados podem aparecer em qualquer cidade, incitar à violência e usar o perigo que criaram para justificar atirar em pessoas na rua. Esperamos que pessoas decentes se juntem a nós na rejeição vigorosa dessa mensagem, demandando mais de nossas leis, de nossos funcionários e de nosso sistema judiciário.
Não se enganem: nossa luta para responsabilizar os culpados pela morte de Anthony continua com força total. Nem o Sr. Rittenhouse nem a polícia de Kenosha que autorizou sua violência sangrenta escaparão da justiça. Anthony terá seu dia no tribunal.
Nenhuma pessoa razoável vendo todas as evidências poderia concluir que o Sr. Rittenhouse agiu em legítima defesa. Em resposta aos apelos racistas e violentos à ação de membros da milícia, o Sr. Rittenhouse viajou para Kenosha ilegalmente armado com um fuzil de assalto. Ele ameaçou concidadãos na rua. Embora ele tenha violado abertamente uma ordem de toque de recolher, a polícia de Kenosha o encorajou a agir com violência. A polícia de Kenosha disse aos membros da milícia que eles empurrariam os manifestantes pacíficos contra a milícia para que a milícia pudesse 'lidar com eles'. Logo depois, o Sr. Rittenhouse matou Joseph Rosenbaum. A polícia não fez nada. Cidadãos preocupados, confrontados com uma pessoa atirando indiscriminadamente na rua, intervieram para impedir a violência. Anthony foi baleado no peito ao tentar desarmar o Sr. Rittenhouse e interromper sua onda de disparos. Mesmo assim, a polícia não fez nada. O Sr. Rittenhouse continuou a atirar, mutilando Gaige Grosskreutz. A polícia permitiu que Rittenhouse saísse de cena livremente. O Sr. Rittenhouse veio para Kenosha armado para matar. A polícia de Kenosha o encorajou a agir com violência, e nosso filho está morto como resultado.
Estamos muito orgulhosos de Anthony e o amamos muito. Ele é um herói que sacrificou sua própria vida para proteger outros civis inocentes. Pedimos que você se lembre de Anthony e o mantenha em suas orações.
— Karen Bloom e John Huber"