O primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, anunciou nesta sexta-feira (19) que seu governo vai revogar as leis de reforma no setor agrícola do país. A decisão surpreendeu os milhares de agricultores que protestavam há um ano contra a nova legislação.
A reforma foi aprovada em setembro de 2020, em plena pandemia, numa sessão parlamentar convocada de forma emergencial. Ela permitiria que os trabalhadores do campo vendessem seus produtos a compradores fora dos mercados de atacado regulamentados pelo governo, onde eles têm garantia de um preço mínimo para colheitas como arroz e trigo.
“Decidimos revogar as três leis agrícolas. Começaremos o processo constitucional para revogar as três leis na sessão parlamentar que começa no final do mês” , disse Modi, em um discurso à nação.
“Peço a todos os agricultores que participam do protesto (…) que voltem para suas casas, para seus entes queridos, para as fazendas e famílias” , acrescentou o premiê, pedindo para “começar do zero e avançar” .
Milhares de agricultores, muitos deles do estado de Punjab, ao norte, estavam acampados desde novembro de 2020 nos confins da capital do país, Nova Délhi, neste que foi um dos maiores desafios para o governo de Modi.
Quase dois terços da população de 1,3 bilhão de indianos devem sua subsistência à agricultura, um setor que sempre foi um campo minado para a classe política.
Os líderes do protesto saudaram a reviravolta de Modi com cauteloso otimismo, com planos de se reunir em Nova Délhi para discutir os próximos passos. Ramandeep Singh Mann, líder agricultor e ativista, disse que ficou “em êxtase” após ouvir a notícia. "É como se você tivesse subido ao topo do Monte Everest!"
O que ainda não está claro, segundo Mann, é se o governo concordará com a outra grande demanda dos agricultores: uma lei separada garantindo um preço mínimo para as safras. Por enquanto, disse ele, os agricultores continuarão seu cerco na periferia de Nova Délhi até que o Parlamento revogue formalmente as três leis. " Até esse dia, estaremos lá", garantiu ele.