Cuba proíbe manifestações três meses após onda de protestos contra o governo
Reprodução: iG Minas Gerais
Cuba proíbe manifestações três meses após onda de protestos contra o governo

Três meses após uma onda de protestos sem precedentes , Cuba proibiu nesta terça-feira uma marcha da oposição marcada para 15 de novembro por considerar que os organizadores querem promover uma mudança de regime e que alguns deles têm vínculos com Washington, segundo uma nota oficial.

"Os organizadores e seus posicionamentos públicos, assim como os vínculos de alguns com organizações subversivas e agências financiadas pelo governo americano, têm a intenção manifesta de promover uma mudança do sistema político em Cuba", diz a resposta do governo cubano ao pedido para realizar a marcha.

A manifestação anunciada em Havana, "cujo esquema organizacional é concebido simultaneamente para outros territórios do país, constitui uma provocação e é parte da estratégia de mudança de regime" para Cuba, acrescentaram as autoridades na resposta, que destaca o caráter constitucional e "irrevogável" do sistema socialista cubano.

A mesma nota foi emitida tanto em Havana como nas outras seis províncias da ilha (Holguín, Cienfuegos, Pinar del Río, Las Tunas, Santa Clara e Guantánamo) onde foram feitas solicitações de autorização para uma manifestação "contra a violência" e pela "mudança".

Apesar disso, a oposição cubana decidiu manter o evento na data prevista, que coincidirá com a reabertura de Cuba para o turismo internacional. “No dia 15 de novembro, nossa decisão será marchar cívica e pacificamente pelos nossos direitos”, anunciou no Facebook o grupo de debate político Archipiélago, organizador e convocador da manifestação.

Mais cedo, o dramaturgo Yunior García, líder Archipiélago, lamentou as acusações de que o movimento seria financiado pelos Estados Unidos.

"Qualquer coisa que os cubanos façam, dizem que alguém em Washington inventou. É como se nós não pensássemos, não tivéssemos cérebro", afirmou. "Qualquer cubano sensato quer mudanças para o bem, quer que em Cuba haja mais democracia, mais progresso, mais liberdade, em todos os sentidos."


Inicialmente, o Archipiélago havia convocado a manifestação para 20 de novembro, mas, na sexta-feira passada, anunciou a antecipação do protesto para o dia 15, depois que o governo decidiu decretar essa mesma data como "Dia Nacional da Defesa".

"Não podíamos ser irresponsáveis, nós não queremos violência, não queremos que os cubanos se enfrentem e não podíamos lançar os manifestantes para o embate com um Exército nas ruas que poderia reagir de forma violenta", afirmou García.

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