O tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, estrategista da Revolução dos Cravos em Portugal
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O tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, estrategista da Revolução dos Cravos em Portugal

O  tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, estrategista do 25 de Abril, morreu neste domingo aos 84 anos, no Hospital Militar de Lisboa. Ele foi o responsável por elaborar o plano de operações dentro do Movimento das Forças Armadas (MFA), um movimento militar de esquerda que há 47 anos encerrou a ditadura no país.

Saraiva de Carvalho nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, em 31 de agosto de 1936. Foi mobilizado para Angola, em 1961, como capitão de artilharia, onde permaneceu até 1963. Também atuou na Guiné entre 1970 e 1973.

Já em Portugal, no MFA, foi o responsável por elaborar o plano de operações militares que derrubou a ditadura de Salazar, na chamada Revolução dos Cravos. Na madrugada de 25 de Abril, com o codinome Óscar, dirigiu as acções do golpe a partir do posto de comando instalado no Quartel da Pontinha, em Lisboa.

Mas, à medida que as divisões internas do MFA se foram acentuando, tornou-se um dos militares mais radicais do movimento.

Depois do 25 de Abril, foi comandante da Região Militar de Lisboa e do COPCON, o Comando Operacional do Continente, durante o Processo Revolucionário em Curso. Nessa época, fez parte da chamada esquerda militar, mais radical. Após os acontecimentos de 25 de novembro de 1975, foi afastado de todos os cargos, principalmente do comando efetivo do COPCON, acusado de ter determinado uma série de ordens de prisão arbitrárias, e de maus-tratos a centenas de pessoas. 

Foi candidato à Presidência em 1976, onde obteve mais de 16% dos votos. Na década de 1980, no entanto, seu nome surge associado às Forças Populares 25 de Abril (FP-25), organização armada responsável por vários atentados e mortes. Em 1980, foi novamente candidato, mas conseguiu uma votação irrisória, ficando abaixo de 1,5%.

Em1983, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, mas foi preso em 1986, condenado a 15 anos de prisão por associação terrorista pelo seu papel na liderança das FP-25. À época, foi despromovido a tenente-coronel. Em 1996, no entanto, o Congresso português acabou com todos os processos, aprovando um indulto, seguido de uma anistia para os presos do caso FP-25.

Em 2011 admitiu que se soubesse como o país ia ficar não teria realizado o 25 de Abril. Otelo lamentava as "enormes diferenças de caráter salarial existentes na sociedade portuguesa".

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