Indicado por Moise, novo primeiro-ministro toma posse no Haiti

Ariel Henry foi indicado para o cargo por Jovenel Moïse dois dias antes de seu assassinato, mas não chegara a assumir

Foto: Reprodução/Twitter/@ArielHenryPM
Ariel Henry foi indicado ao cargo pelo presidente Jovenel Moïse


Tido como um político mais capaz de criar pontes com a oposição do que seu antecessor, o novo primeiro-ministro do Haiti , Ariel Henry , tomou posse nesta sexta-feira. Ele foi indicado para o cargo pelo presidente Jovenel Moïse dois dias antes de seu assassinato, na madrugada de 7 de julho, mas a nomeação não chegara a ser formalizada. Henry foi o sétimo premier a ser indicado por Moïse.

O novo primeiro-ministro, um neurocirurgião de 71 anos que atuava como ministro do Interior, prometeu se esforçar para atrair investimentos e gerar empregos, em um país que enfrenta uma severa crise econômica, social e política. Ele disse que promoverá "um diálogo franco e sincero com todas as entidades do país" para gerar um "ambiente de segurança confiável e estável":

"Vejo em mim um democrata, uma pessoa que pode falar com todos os setores da vida nacional, e por isso, com muita humildade, aceito esta missão", afirmou na cerimônia de posse .  "Devemos restaurar a confiança, restaurar a autoridade do Estado nos quatro cantos do país. Todos reconhecem que são os haitianos que devem encontrar a solução para a crise".

Henry substitui Claude Joseph, que atuava como primeiro-ministro desde 14 de abril e havia assumido interinamente a Presidência após o assassinato de Moïse, em meio a uma disputa pelo poder. Joseph anunciou sua renúncia na segunda-feira, pressionado pelo chamado Grupo Central — que inclui EUA, França, Espanha e Brasil, além da ONU —  que inicialmente o havia apoiado.  Ele também chegou a ser mencionado como suspeito de que envolvimento no assassinato de Moïse.

A Presidência haitiana a princípio ficará desocupada, até a realização de eleições presidenciais e legislativas, que haviam sido marcadas por Moïse para setembro. Henry prometeu facilitar a realização das eleições e criar condições para que "o maior número possível de pessoas possa votar", em uma referência a críticos da oposição, que consideram não haver condições para um pleito livre e justo.

O novo primeiro-ministro também agradeceu à comunidade internacional pelo envio de vacinas contra a Covid-19. Na quarta-feira da semana passada, foram entregues 50 mil doses pelo consórcio Covax, doadas pelos Estados Unidos. Até então, o Haiti era o único país das Américas a não vacinar um só de seus cidadãos. Henry disse desejar poder oferecer a vacina "a todos aqueles que a desejarem".

O novo Gabinete tem 18 ministros, incluindo muitos nomes que fizeram parte do governo do antecessor de Moïse, Michel Martelly (2011-2016). Claude Joseph continuará no governo, como ministro das Relações Exteriores.

"Vou entregar a chave e o escritório do governo. Estou com você para contribuir com o máximo que puder", disse Joseph, acrescentando que Henry significa uma "solução de consenso".

Moïse foi morto no dia 7 de julho no meio da noite em sua residência nos arredores de Porto Príncipe , e as principais suspeitas recaem sobre um grupo de mais de 20 mercenários, em sua maioria colombianos, enquanto as informações sobre possíveis mandantes continuam obscuras . O chefe de segurança do mandatário, alguns policiais haitianos e alguns haitianos-americanos foram presos sob suspeita de envolvimento na conspiração para assassinar o presidente .

A mulher de Moise, Marine Moïse, que também foi baleada durante o assassinato , voltou ao Haiti neste fim de semana após ser tratada de seus ferimentos em um hospital em Miami.

Os serviços oficiais em memória de Moïse — que, na parte final de seu mandato, era acusado de reprimir a oposição e de violar direitos humanos para calar manifestações — também começaram nesta terça-feira no Haiti. Antes da cerimônia de posse, houve um minuto de silêncio em sua homenagem.