Medidas serão implementadas pelos próximos cinco dias no país
Reprodução/bundesregierung.de
Medidas serão implementadas pelos próximos cinco dias no país



A Alemanha anunciou na madrugada desta segunda-feira (hora local) novas medidas de confinamento nas áreas do país mais afetadas pela Covid-19, informaram autoridades. A decisão foi tomada após uma reunião de quase 12 horas entre a chanceler Angela Merkel e governadores dos 16 estados. O país terá um confinamento rígido de cinco dias durante a Semana Santa, na qual a maioria dos comércios ficará fechada e os serviços religiosos serão cancelados. No dia 3, só lojas de comida ficarão abertas. As restrições em vigor desde o fim do ano passado permanecem válidas até no mínimo o dia 18 de abril.

As taxas de contágio do novo coronavírus quase dobraram no último mês na maior economia da Europa, depois que um relaxamento das restrições adotadas em dezembro começou em fevereiro. Segundo Merkel , o principal motivo é a variante britânica do vírus. O fechamento se segue a um endurecimento de medidas em França e Itália, e reverte planos de uma gradual reabertura.

"Temos um novo vírus. É muito mais letal, muito mais infeccioso e contagioso por muito mais tempo. Estamos em uma corrida para levar a vacinação adiante", disse Merkel a jornalistas. Na antecipação do feriado da Páscoa, o governo alemão determinou serem necessários testes de Covid-19 para viajantes que retornarem à Alemanha, e recomendou que seus habitantes não saiam do país. Ao mesmo tempo, autorizou visitas internas, respeitando o limite de no máximo cinco pessoas de duas casas diferentes.

Os casos estão aumentando novamente na Alemanha depois que as autoridades começaram a afrouxar as restrições no final de fevereiro e estabeleceram um plano para diminuir gradualmente as medidas restantes, incluindo o fechamento parcial de lojas não essenciais e o fechamento de hotéis, restaurantes e academias, bem como espaços culturais. O Instituto Robert Koch, agência de vigilância sanitária do país, informou nesta segunda-feira que a média móvel nacional de casos diários aumentou para 107,3 por 100 mil habitantes, depois de cair para 56,8 em 19 de fevereiro.

O número ultrapassa o chamado “freio de emergência”, de 100 casos por 100 mil habitantes, pelo segundo dia consecutivo. Dos 16 estados, 10 estão acima do limite, que permite que as autoridades tornem mais rígidas as medidas restritivas. "Estamos na fase mais perigosa da pandemia. As novas variantes se espalham mais rápido, e afetam outros além dos idosos", disse o premier da Bavária, Markus Soeder.

A piora da pandemia também levou alguns especialistas em saúde a alertar que as unidades de terapia intensiva correm o risco de ficar sobrecarregadas em poucas semanas se o crescimento exponencial dos casos continuar. Hoje, o número de pacientes com Covid-19 em UTI alemãs subiu para 3.117, o maior em mais de um mês.

Revelações de que membros do bloco conservador de Merkel lucraram com contratos para o fornecimento de produtos médicos, porém, ameaçam dificultar a implementação da estratégia de contenção do vírus . No fim de semana, a imprensa levantou questões sobre ligações do ministro da Saúde, Jens Spahn, com acordos para compra de máscaras . Segundo o jornal alemão Der Spiegel, a empresa do marido de Spahn teria vendido mais de meio milhão de máscaras PFF2 ao Ministério da Saúde.

Além disso, anunciado poucas semanas depois que Merkel traçou um plano para reabrir gradualmente lojas e restaurantes, a mudança é um duro golpe para os alemães cansados da pandemia, que as pesquisas de opinião sugerem que estão cada vez mais descontentes com a forma como o governo está lidando com a crise.

A  prorrogação das restrições na Alemanha atrasará a recuperação econômica do país até o segundo semestre, disseram economistas. "Esperamos ver o pico da terceira onda de infecções depois do feriado da Páscoa até meados de abril. Depois disso, as coisas devem melhorar gradualmente", disse Claus Michelsen, economista-chefe do instituto econômico DIW, com sede em Berlim, à agência Bloomberg. "A partir de agosto, as chances de uma recuperação mais sustentável são boas".

ItáliaFrança também apertaram suas medidas de restrição na semana passada, em meio à lentidão dos programas de vacinação nos países da União Europeia. Até sexta-feira, 8,5% da população do bloco haviam sido imunizados. A discrepância é grande quando comparada a atores similares: no Reino Unido, os vacinados já são 38%; nos EUA, 22%.

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