Rússia critica acusações dos EUA sobre envenenamento de opositor de Putin
Porta-voz do presidente Vladimir Putin classificou alegação de ligação com envenenamento, seja direta ou indireta, como “inaceitável” por parte dos Estados Unidos
Por Ansa |
O governo russo considerou como "inaceitáveis" as declarações do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, de que o Kremlin está por trás do envenenamento do líder da oposição do país, Alexei Navalny .
"Nós ouvimos as suas declarações. Estamos interessados em descobrir as causas do incidente. Acreditamos que qualquer alegação de ligação, direta ou indireta, ou aceno sobre o envolvimento de representantes oficiais russos nesse incidente são inaceitáveis, um erro primordial que distorce a realidade", disse o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, à agência Tass nesta quinta-feira (10).
O representante referia-se a uma entrevista dada por Pompeo ao analista político conservador norte-americano Ben Shapiro na noite desta quarta-feira (09). Ao ser questionado sobre o que pensava sobre o caso, o secretário afirmou que via esse "tipo de evento" como "todas as pessoas do mundo veem".
"Quando [as pessoas] veem um esforço para envenenar um dissidente, e reconhecem que há uma alta probabilidade de que isto tenha vindo de altos funcionários russos, eu acredito que isso não é bom para o povo russo", acrescentou.
Pompeo ainda afirmou que assim como os aliados europeus, o governo norte-americano quer que a Rússia "puna os responsáveis" e que os Estados Unidos estão vendo formas de identificar os culpados. "Estamos examinando, analisando e garantimos que vamos fazer o que for necessário para reduzir a probabilidade de que algo similar aconteça de novo', disse ainda.
Esse é o primeiro posicionamento mais forte de Washington sobre o caso. Durante o fim de semana, o presidente Donald Trump evitou fazer acusações dizendo que "ainda não tinha visto" as provas de que Navalny tinha sido envenenado.
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O opositor russo foi internado às pressas no dia 20 de agosto no hospital de Omsk após passar mal durante um voo que deveria ter ido da Sibéria para Moscou. Navalny ficou internado em coma na unidade de terapia intensiva do local até o dia 23, quando foi transferido, a pedido da família, para o hospital Charitè em Berlim, na Alemanha.
Após exames terem sido feitos pelos militares alemães, no dia 2 de setembro, o governo de Angela Merkel anunciou que foi localizada uma substância química do tipo novichock na corrente sanguínea do paciente. Os russos falaram publicamente que "estranharam" o resultado porque os exames em Omsk não tinham constatado a substância.
Desde então, o caso virou uma guerra de declarações políticas, com os alemães cobrando investigações e ameaçando impor sanções contra Moscou.
Por sua vez, o Kremlin informou que só fez uma espécie de investigação preliminar de rotina e que não aprofundaria a análise porque não via razão.
Nesta quinta-feira (10), Peskov voltou a atacar a Alemanha sobre o tema, dizendo que a Rússia "está buscando uma interação, uma troca de informações" com Berlim sobre o caso, mas que "infelizmente, não estamos vendo nenhum passo recíproco dos nossos colegas alemães".
No dia 7 de setembro, os médicos do Charitè informaram que Navalny deixou o coma induzido, mas continua precisando de ajuda mecânica para respirar.