Novo Ecce Homo: resultado de restauração da cópia da Imaculada Conceição de El Escorial pintada em 1660 pelo espanhol Bartolomé Esteban Murillo
Reprodução/Twitter
Novo Ecce Homo: resultado de restauração da cópia da Imaculada Conceição de El Escorial pintada em 1660 pelo espanhol Bartolomé Esteban Murillo

Após um novo resultado desastroso numa pintura clássica na Espanha, como ocorreu em 2012 com o Ecce Homo, especialistas querem mais regulação no restauro de obras de arte. O movimento chega após a notícia do que aconteceu com uma cópia da "Imaculada Conceição do Escorial", do pintor barroco Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682) pertencente a um colecionador particular de Valência. Felizmente, a pintura original encontra-se resguardada no Museu do Prado, em Madri.

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O colecionador contratou um restaurador por 1,2 mil euros, apenas para se surpreender com o resultado inacreditável da pintura depois, segundo a agência internacional Europa Press . Após o incidente, o proprietário da obra entrou em contato com um novo restaurador que promete recuperar os traços da virgem de Murillo. O episódio trouxe a lembrança de outra restauração desastrada, em 2012, quando a idosa Cecília Giménez destruiu o afresco Ecce Homo em uma igreja em Borja, também na Espanha.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian , o professor da Escola Superior de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Galícia Fernando Carrera afirmou que a lei atual na Espanha permite que pessoas sem qualificação tomem a iniciativa de restaurar obras mesmo sem a devida formação.

"Você consegue imaginar se pudesse operar outras pessoas? Ou se te permitissem vender um remédio sem licença de farmacêutico? Ou que alguém que não fosse arquiteto pudesse construir um prédio?", questionou.

Vice-presidente de relações internas da Associação Profissional de Conservadores Restauradores da Espanha, María Borja alertou em entrevista à  Europa Press que casos como esses são muito mais frequentes do que se pensa, já que a profissão de conservador-restaurador não é regulada na Espanha. 

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"Só ficamos sabendo dos casos que a sociedade denuncia à imprensa ou nas redes sociais, mas há várias situações em que as obras sofrem intervenções de pessoas sem formação, podendo provocar uma mudança irreversível".

Ela explica que a lei de proteção ao patrimônio no país não obriga nem recomenda que restaurações sejam executadas por profissionais com formação em restauro. "Em nenhum momento é especificado quem deve intervir em uma propriedade de interesse cultural, seja ela móvel ou imóvel", explica. Regulamentar isso é o objetivo da Associação Profissional de Conservadores Restauradores da Espanha.

"Essa deficiência legislativa leva a intervenções desastrosas que ocasionalmente chegam até nós, especialmente alarmes quando se trata de esculturas românicas ou imagens renascentistas de grande valor", relata María Borja sobre casos como o da pintura original do Ecce homo e a cópia da obra de Murillo .

"É importante ter profissionais, porque as peças precisam ser estudadas individualmente, elas são peças únicas, com valor histórico, cultural e emocional, os materiais devem ser reversíveis e deve haver trabalho didático para os proprietários das mercadorias, é claro, uma garantia de um trabalho bem feito, com rigor e ética profissional", afirma.

Veja imagens da restauração do Ecce Homo e da cópia da obra de Murillo:

Ecce Homo teve restauração desastrosa em obra original
Wikimedia Commons
Ecce Homo teve restauração desastrosa em obra original




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