Em tempos de pandemia do Covid-19, que produzem muitas notícias tristes, histórias que mostram que ainda há razões para acreditar nos seres humanos são sempre positivas. Desta vez, a boa ação vem dos EUA: após receber o dinheiro do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo, um americano resolveu doar o valor para quem realmente está enfrentando dificuldades.
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Diferentemente do que acontece no Brasil, os EUA utilizaram uma abordagem mais simples para distribuir o dinheiro do auxílio , levando em conta apenas a receita anual e o pagamento de taxas, o que fez com que muita gente recebesse o valor mesmo sem precisar. É o caso de Stacy Vlasits, desenvolvedor de softwares da cidade de Austin, que resolveu ajudar pessoas com maiores necessidades durante a crise do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
"O que nós, que não estamos sofrendo financeiramente durante o coronavírus, deveríamos fazer com os cheques que estamos prestes a receber do Governo? Repassar o dinheiro
para as pessoas que estão precisando", afirmou ele em postagem nas redes sociais.
Stacy conta que pelo fato de não haver a necessidade de solicitar a ajuda do governo, muitas pessoas e instituições acabaram recebendo os "cheques de estímulo" sem ter uma necessidade real, assim como aconteceu com ele. Por este motivo, resolveu fazer melhor uso do valor e repassar para diversas pessoas: moradores de rua, entidades que ajudam pessoas necessitadas e até para alguns conhecidos que foram mais atingidos pela crise.
"Nós planejamos dar para pessoas que foram atingidas pelo coronavírus e também algumas organizações que ajudam essas pessoas. Em especial, para o Banco de Alimentos (que dá comida para as pessoas pobres), um abrigo de moradores de rua (que precisou mover os moradores de rua para barracas na rua para que eles não infectassem uns aos outros) e para uma igreja que ajuda financeiramente, com dinheiro mesmo, aos que mais necessitam", revela.
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Stacy, inclusive, já montou um esquema de como pretende dividir dos valores:
- Entre US$ 200 e US$ 400 para a moça que limpa nossa casa. Nós também seguimos pagando pelo serviço dela, pois sabemos que outras pessoas não estão fazendo o mesmo.
- Entre US$ 100 e US$ 200 em “gorjetas” para as pessoas que normalmente cortam os nossos cabelos.
- Entre US$ 300 e US$ 500 para um abrigo em Toronto, para que eles possam comprar barracas e consigam manter os moradores de rua dentro das regras recomendadas de distanciamento social.
- Entre US$ 400 e US$ 500 para membros mais necessitados da nossa igreja e alguns moradores de rua da nossa cidade.
- US$ 200 para um fundo que desenvolve tecnologias para pessoas com mobilidade reduzida.
- Entre US$ 100 e US$ 500 para o que chamamos de “presentes oportunos” e que poderão ajudra outras pessoas necessitadas.
- O restante será encaminhado para o Banco Central de Alimentos do Texas.
"Acredito que outras pessoas estejam tomando atitudes similares, cada um do seu jeito. Assim como muitas pessoas, eu faço parte de uma tradição religiosa que enfatiza a importância de ajudar os mais necessitados . No meu caso, eu sou menonita, mas sei que todos os cristãos, muçulmanos, judeus, hindus e budistas têm escrituras encorajando a caridade ao próximo. E muitos ateístas também veem a situação desta maneira", afirma.
Menos despesas, mais "mão na massa"
Na publicação que fez nas redes sociais, Stacy admitiu que a situação em sua casa não está ruim: "minha vida financeira melhorou significativamente. Os ganhos se mantiveram os mesmos e são poucas as chances de haver algum impacto negativo a médio e longo prazo".
Além disso, ainda contou um caso inusitado vivido durante a pandemia: para evitar um gasto extra de US$ 1,5 mil (mais de R$ 8 mil) com a visita de um encanador, colocou a mão na massa e instalou um novo aquecedor de água de casa.
"O único impacto negativo que tivemos foram algumas perdas no mercado de ações. Porém, é assim que o jogo funciona: ninguém merece um “alívio” por ficar brincando com ações, especialmente quando o valor de muitas dessas companhias já foi atingido pela redução de entrada dos nossos impostos", escreveu ele.
Sobre as medidas tomadas em outros países, Stacy prefere não tecer muitas análises e diz apenas ter lido sobre algumas estratégias que países como o Brasil estão adotando. Para ele, o ideal seria somar ações, visto que uma intervenção rápida, como a feita nos EUA , pode ser mais proveitosa do que uma lenta e deliberada, mas nem sempre será a mais justa.
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"Se eu não fosse doar o que recebi, não estaria fazendo nenhum bem e nem ajudando a mitigar os problemas causados pela pandemia ", aponta ele, confirmando o que já havia declarado em sua publicação, de que optou pela doação para "mostrar que existe uma alternativa para a cultura já estebelecida do que pessoas de bem devem fazer quando ganham um dinheiro inesperado".