Evo Morales vive como refugiado na Argentina
Ansa
Evo Morales vive como refugiado na Argentina


Especialistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets ( MIT ) defendem que as últimas eleições da Bolívia , realizadas em outubro de 2019, não foram fraudadas. Com tese contrária ao relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) que provocou a renúncia do então presidente Evo Morales , os pesquisadores publicaram um artigo nesta quinta-feira, no jornal Washington Post , para mostrar que não há evidências científicas de que houve fraude.

“Não há evidências estatísticas de fraude que possamos encontrar: as tendências na contagem preliminar, a falta de um grande salto no apoio a Morales após a interrupção (dessa contagem) e o tamanho da margem de Morales parecem legítimos”, diz um trecho do artigo, assinado por John Curiel e Jack R.Williams, do Laboratório de Ciência e Dados Eleitorais do MIT.

As eleições de 2019

Presidente da Bolívia desde 2006, Evo Morales se candidatou para as eleições de outubro de 2019, com o opositor Carlos Mesa como principal concorrente. No dia da votação, ocorriam duas apurações, conforme o procedimento adotado no país. Uma delas era preliminar e funcionava de maneira mais rápida, enquanto a outra contabilizava os votos em definitivo e corria em ritmo mais lento.

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Quando a parcial apontava a tendência de um segundo turno entre os dois, com 83% dos votos apurados, levantou-se a suspeita de fraude e o STE suspendeu a contagem, situação que deu início a protestos. Depois de 20 horas, a contagem foi retomada e indicou a reeleição de Evo Morales no primeiro turno, com 47,07% dos votos.  

Depois de auditoria feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA), foram apontados indícios de fraude. Evo chegou a anunciar novas eleições, mas já tinha perdido muitos aliados. Além disso, as manifestações estavam cada vez mais intensas nas ruas do país. Pressionado pelas Forças Armadas e pela Polícia, ele concordou em renunciar no dia 10 de novembro, mas afirmou ser vítima de um golpe. 

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Tese do golpe

O artigo do MIT dá recursos para aqueles que sustentam a tese do golpismo . Segundo os especialistas, é perfeitamente aceitável que Morales tenha conseguido ampliar a vantagem durante a apuração dos 17% de votos restantes. “Não houve diferença estatisticamente significativa na margem (sobre o segundo colocado) antes e depois da interrupção da contagem preliminar”, afirmam.

Os pesquisadores tentaram contato com a OEA em busca de um comentário sobre o resultado do estudo feito por eles, mas não tiveram resposte até o momento da publicação do artigo no Washington Post.

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“Se a conclusão da OEA fosse correta, esperaríamos que a margem de votação de Morales tivesse um pico logo após a suspensão da contagem preliminar —  e a margem sobre seu concorrente mais próximo seria muito grande para ser explicada por seu desempenho antes da contagem preliminar ser interrompida. Poderíamos esperar encontrar outras anomalias, como mudanças repentinas nos votos de Morales em departamentos (estados) que antes eram menos inclinados a votar nele”, contestam. 

Eleições de maio

Proibido de concorrer à presidência nas novas eleições, marcadas para o dia 3 de maio, Evo Morales tentou lançar candidatura ao Senado, mas o pedido foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Atualmente, ele está refugiado na Argentina.

Candidato do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, o ex-ministro da Economia, Luis Arce, está liderando a intenção de votos na corrida pela Presidência da Bolívia, segundo pesquisa de opinião realizada pela Ciesmo.

Com 31,6%, Luis Arce disputaria o segundo turno com  Carlos Mesa , que foi presidente de 2003 a 2005 e, agora, é dono de 17,1% da preferência dos bolivianos para reassumir o comando nas eleições de maio. Os números de Mesa estão muitos próximos de  Jeanine Áñez , presidente interina desde a saída de Morales. Ela tem 16,5% das intenções.

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