Quarenta pessoas morreram pisoteadas e outras 213 ficaram feridas no funeral do general iraniano Qasem Soleimani, morto na última sexta-feira por um míssil americano, segundo a televisão estatal. O cortejo fúnebre de quatro dias vem atraindo centenas de milhares de pessoas para as ruas do país e já considerado o maior da História iraniana, ultrapassando as cerimônias de 1989 em homenagem ao aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Iraniana de 1979.
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Imagens de canais de televisão locais mostram várias pessoas no chão — muitas com os rostos cobertos por máscaras e jaquetas e outras tentando ser reanimadas. Um representante do governo iraniano confirmou o ocorrido, mas não deu maiores detalhes sobre o número de mortos ou feridos.
A multidão que toma as ruas de Kerman repete o cenário visto ontem, quando o rito de despedida passou pela capital, Teerã . A primeira cerimônia, na Universidade de Teerã, foi comandada pelo líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei , que guiou as orações e voltou a ameaçar com “vingança implacável” contra os responsáveis pela morte do general. A procissão, em seguida, seguiu para a Praça Azadi (liberdade, em persa), situada no Oeste da capital, em um cortejo acompanhado por centenas de milhares de pessoas. Ao fim da cerimônia, o corpo seguiu para Qom, cidade sagrada no centro do país.
Além do Suleimani, corpos de outros cinco mortos no ataque americano também estão sendo velados — entre eles o de Abu Mahdi al-Muhandis, vice-comandante das Forças de Mobilização Popular (FMP), coalizão de milícias xiitas iraquianas pró-Irã formadas em 2014 para combater o Estado Islâmico no Iraque e depois foram incorporadas às forças de segurança do país.
Após percorrer cidades iraquianas no sábado, o cortejo desembarcou no Irã no domingo, na cidade de Ahvaz. Em seguida, foi para Mashhad, local mais sagrado da República Islâmica, onde está o santuário do oitavo imã dos xiitas, Reza. Em sinal de luto, a iluminação verde do santuário de Mashhad foi substituída por luzes pretas.
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O assassinato de Soleimani está unificando um país em crise econômica, duramente afetado pelas sanções impostas pelos Estados Unidos quando se retiraram em 2018 do acordo nuclear assinado entre o país persa e as principais potências globais em 2015. As sanções fortaleceram a ala mais conservadora da República Islâmica, e protestos contra um aumento da gasolina em novembro haviam sido duramente reprimidos, com centenas de mortos, segundo organizações de direitos humanos.