O presidente da Bolívia , Evo Morales , renunciou à presidência neste domingo (10). O anúncio foi feito após as Forças Armadas pedirem que ele deixasse o cargo e ele mesmo ter convocado novas eleições . "Me dói muito que nos tenham levado ao enfrentamento. Enviei minha renúncia para a Assembleia Legislativa Plurinacional", afirmou em pronunciamento na televisão. O vice-presidente Álvaro García Linera , que estava ao lado de Morales, também renunciou.
"Quero pedir desculpas por ter sido exigente durante o trabalho. Não foi para Evo, foi para o povo boliviano". "Aqui não termina a vida, segue a luta", disse Morales ao encerrar sua fala.
Além deles, também renunciaram o presidente da Câmara, Victor Borda, e a presidente do Senado boliviano, Adriana Salvatierra. Nessa situação, o próximo na linha sucessória para assumir a presidência é Petronio Flores, presidente do Tribunal Constitucional, entidade equivalente ao Supremo Tribunal Federal na Bolívia.
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Por volta das 17h deste domingo (horário de Brasília), o avião presidencial decolou do aeroporto de El Alto, em La Paz. Morales estava lá desde a manhã e houve especulações de que ele estaria deixando o país. Em vez disso, a aeronave aterrissou no aeroporto de Chimoré, perto de Cochabamba, um reduto político de Morales. Ele tem uma casa no local.
A renúncia se dá em meio a protestos no país e a pressões para que outro pleito fosse realizado. Mais cedo, o comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, havia pedido que Morales renunciasse à presidência . "Após analisar a situação conflituosa interna, pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial permitindo a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia", disse o general Kaliman à imprensa.
Desde que Morales foi reeleito, em 20 de outubro, o processo eleitoral tem sido questionado pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele venceu as eleições com 47,07% do total de votos, enquanto seu rival Carlos Mesa ficou com 36,51%.
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Na Bolívia, um candidato só vence quando soma mais de 50% dos votos ou quanto tem menos, mas fica com vantagem de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Por conta dessa vantagem ter sido pequena e de resultados contraditórios terem sido divulgados, a OEA chegou a duvidar do resultado e pediu uma auditoria das urnas.
Essa adutoria só seria finalizada em 13 de novembro, mas foi adiantada "por conta da gravidade das denúncias", disse o secretário-geral da OEA, Luis Almagro .