O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou não ser contra à adoção de cotas para novos imigrantes no país. Segundo ele, a “questão de estabelecer metas para a admissão de residentes não é um tabu”, também sinalizando possíveis mudanças no sistema de saúde público para imigrantes, mesmo aqueles que se encontram de forma irregular no país.
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"A França precisa cuidar de todos que vivem em seu território. Mas não deve ser mais ou menos atrativa que seus vizinhos", disse sobre a migração , em sessão na Assembleia Nacional.
O premier , contudo, deixou claro que esse sistema de cotas seria aplicado apenas em vistos de trabalho, sem influenciar nos pedidos de asilo, refúgio e reuniões familiares. Mesmo assim, afirmou que o sistema de vistos humanitários está operando acima da capacidade.
"Os números são inegáveis. Em 2018, a França registrou 123 mil pedidos de asilo, 22% a mais que no ano anterior, isso em um momento em que os pedidos caíram 10% no resto da Europa".
A imigração é um dos temas mais sensíveis para o governo do presidente Emmanuel Macron . Por um lado, ele é pressionado por boa parte de seus apoiadores para que evite mudanças nos critérios de admissão de estrangeiros. Por outro, vê com preocupação o avanço da extrema direita, que tem no combate à imigração uma de suas principais bandeiras. Macron não quer perder sua base consolidada, mas sabe que precisará dos votos dos conservadores na eleição de 2022, sob risco de ser derrotado.
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No mês passado, o presidente tinha sinalizado uma mudança de rumo de seu governo sobre o tema. "Ao dizer que somos humanistas, às vezes somos muito lenientes".
Um exemplo do discurso forte anti-imigração, em alta hoje no país, veio da líder da Frente Nacional, de extrema direita, Marine Le Pen. Para ela, o governo fragiliza a segurança nacional ao permitir a entrada de imigrantes sem checar seus antecedentes criminais.
"O governo ajuda a agravar um perigo mortal todos os dias, com sua política de imigração sem sentido. O Estado está ausente, dramaticamente ausente, criminalmente ausente".
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Já o líder de esquerda Jean-Luc Mélenchon acusou Macron de usar a questão migratória para esconder outros problemas nacionais. "Você quer fazer usar o imigrante, mais uma vez, como bode expiatório, ao invés de atacar o financista que pilha nossa riqueza através de fraude e evasão fiscal", afirmou, completando que o governo age como se estivesse em “campanha eleitoral permanente”.