O Exército do Iraque reconheceu nesta segunda-feira ter usado de força excessiva na repressão à onda de protestos que sacode o país desde a semana passada . O número de mortos nas manifestações, no entanto, continua a subir e já chega a ao menos 110 pessoas à medida que o movimento se expande e chega ao volátil distrito de Sadr City , na capital Bagdá.
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Enquanto isso, o chefe da Hashd Al-Shaabi, poderosa coalizão paramilitar iraquiana dominada por milícias xiitas próximas ao Irã , afirmou nesta segunda-feira que está pronto para intervir e impedir “um golpe de Estado ou uma rebelião”, caso o governo assim o ordenar.
Depois de uma noite caótica em Sadr City, no Leste de Bagdá , onde fontes dos serviços de saúde dizem que 13 pessoas morreram nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, o comando militar do Iraque admitiu “uso excessivo de força que excedia os padrões”. Vídeos feitos no local mostram manifestantes se escondendo sob rajadas ininterruptas de tiros, alguns de armas pesadas.
“Já estamos pedindo explicações aos policiais que cometeram esses erro”, informou o Exército iraquiano em um comunicado.
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Desde o início da onda de protestos, na terça-feira passada, as autoridades iraquianas acusam “atiradores não identificados” de disparar contra os manifestantes e forças de segurança. Mas ativistas de direitos humanos acusaram as forças de segurança de abrir fogo indiscriminadamente contra manifestantes.
As manifestações , que começaram no Sul do Iraque, berço da maioria xiita iraquiana, têm como foco a corrupção no governo do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi , a falta de empregos e os péssimos serviços públicos, e logo se espalharam para outras regiões do país, em especial Bagdá. Sem uma liderança formal ou coordenação de alguma força política, os protestos são convocados principalmente pelas redes sociais e conduzidos por jovens, os mais prejudicados pela má situação econômica da nação, destroçada por décadas de guerras e sanções.
Nesse contexto, o chefe da coalizão paramilitar Hashd Al Shaabi, Faleh Al Fayadh alertou em entrevista coletiva em Bagdá que queria “o fim da corrupção e não o fim do regime”, em resposta a um dos slogans cantados nos protestos na semana passada que pede a renúncia de Mahdi.
Neste domingo, governo iraquiano anunciou uma série de medidas sociais em resposta às reivindicações dos manifestantes. Ao fim de reunião extraordinária do conselho de ministros, Mahdi editou decreto com 17 medidas sociais que incluem auxílio-moradia, assim como seguro-desemprego para os jovens, além da construção de 100 mil casas.
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Mahdi ordenou ainda a instalação de vagas para os vendedores ambulantes, em uma tentativa de criar empregos, em especial para os jovens. Hoje, um a cada quatro nesta faixa etária não tem trabalho no Iraque . As autoridades anunciaram também que vão incluir as pessoas mortas nas manifestações na lista de “mártires”, para que seus familiares possam pedir indenizações por sua perda.