Manifestantes radicais de Hong Kong derrubaram, neste sábado, as barreiras instaladas ao redor do complexo que abriga o Parlamentoe a sede do Executivo do território. Armados com escudos, os manifestantes lançaram bombas incendiárias contra a polícia, que respondeu com jatos de água e gás lacrimogêneo.
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Os ânimos ficaram ainda mais acirrados nos últimos dias, depois que a polícia deteve mais de 20 ativistas pró-democracia em Hong Kong , incluindo dois parlamentares, e alertou que aqueles que participarem das manifestações "ilegais" no final de semana poderão ter o mesmo destino.
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As detenções aconteceram na antecipação do aniversário de cinco anos da tentativa chinesa de impor limites à realização de eleições diretas para o chefe do Executivo de Hong Kong, medida que catapultou a chamada Revolução dos Guarda-Chuvas, em 2014. A data seria comemorada neste sábado com um protesto, mas não houve autorização oficial, o que o torna ilegal — o governo local, contudo, nega que este seja o motivo das detenções.
China negou aceitar demandas
Hong Kong é regida por um modelo próprio conhecido como " um país, dois sistemas ", que lhe garante autonomia política, judicial e administrativa. As liberdades são garantidas pela Lei Básica, semi-constituição estabelecida em 1997.
Desde o arquivamento do controvertido projeto de lei de extradição,os protestos ganharam demandas que desafiam os interesses de Pequim. Entre os pontos defendidos pelos manifestantes estão a anistia para os ativistas presos, o cancelamento definitivo do projeto de lei, uma investigação sobre a violência policial e a eleição direta para a chefia do Executivo do território, atualmente escolhida por um comitê de cerca de 1.200 pessoas majoritariamente pró- China .
Nesta sexta-feira, a agência de notícias Reuters noticiou que Carrie Lam enviou a Pequim no mês passado uma proposta para cancelar formalmente a lei de extradição, mas a estratégia foi rejeitada pelas autoridades chinesas. O cancelamento do projeto de lei e uma investigação independente dos excessos policiais são considerados por Lam como as demandas mais factíveis de serem atendidas, disse um funcionário sênior do governo de Hong Kong à agência.
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Em público, Lam vem defendendo o diálogo com a oposição, mas se recusa a atender os pedidos dos manifestantes. Ela afirmou nesta semana que seu governo está considerando se tomará ou não novas medidas para estabelecer a ordem. O governo chinês, por sua vez, enviou mais soldadospara o território — procedimento que Pequim afirmou ser "rotineiro", mas que foi visto como um alerta para os manifestantes.