Um navio da ONG alemã Sea Watch anunciou nesta quarta-feira que furou o bloqueio das águas territoriais italianas e que irá desembarcar 42 migrantes e refugiados no porto de Lampedusa, na Itália , mesmo sem permissão.
A decisão contraria o decreto do vice primeiro-ministro Matteo Salvini, que prevê multa para embarcações que resgatem imigrantes no mar. No Twitter, a capitã do Sea-Watch 3, Carola Rackete, de 31 anos, disse que está ciente do risco que corre, mas que a decisão foi motivada pelo estado de saúde delicado dos resgatados. "Decidi entrar no porto de Lampedusa. Sei o que risco que estou tomando, mas os 42 náufragos a bordo estão esgotados. Vou levá-los a um lugar seguro", escreveu.
Antes de ultrapassar o limite das águas italianas, a embarcação, com uma bandeira holandesa, navegou ao longo do bloqueio por dez dias. A Sea Watch chegou a entrar com um pedido de medida cautelar no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos , exigindo que a Itália abrisse seus portos por motivo de emergência. Apesar de rejeitar o pedido, o órgão pediu que Roma "continuasse a prestar a assistência necessária" às pessoas vulneráveis a bordo.
Conforme determina um novo decreto de Salvini , aprovado há duas semanas, a capitã do barco e os responsáveis pela ONG podem responder a ações judiciais e receber multa de até 50 mil euros, além de ter o navio apreendido.
Em resposta ao anúncio da Sea Watch, o vice primeiro-ministro italiano publicou um vídeo no Facebook, em que acusa a entidade de fazer um "sórdido joguinho político" e diz que os governos da Alemanha e da Holanda "responderão" pela "indiferença demonstrada".
"Vamos usar todos os meios democraticamente permitidos para bloquear este insulto ao direito e às leis", ameaçou Salvini.
No ano passado, Salvini, que é chefe do partido de ultradireita Liga, entrou em conflito com ONGs de direitos humanos após decidir fechar os portos da Itália a embarcações de resgate humanitário. De acordo com a lei internacional, o resgate de náufragos em águas internacionais é obrigação das embarcações que estiverem por perto.
Neste ano, quase 350 pessoas já morreram durante travessias no Mediterrâneo, segundo estimativas da ONU.