Em um novo capítulo do acirramento de tensões entre Estados Unidos e Irã, Teerã anunciou nesta quinta-feira (20) que derrubou um drone norte-americano no sul do Golfo. A declaração vem dias após Washington culpar os iranianos por ataques a dois navios no Estreito de Ormuz , por onde passa cerca de 20% de todo o petróleo comercializado no mundo. Em reação à derrubada do drone, o preço do barril do petróleo chegou a subir 3%.
Segundo o canal estatal iraniano Press TV , um "drone espião" estava sobrevoando o território persa sem autorização e foi derrubado na província de Hormozgan, na costa sul do país. O comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã disse que o ataque carrega um recado para a Casa Branca.
"A derrubada do drone norte-americano foi uma clara mensagem para os EUA. Nossas fronteiras são o último limite e nós vamos reagir com veemência contra qualquer agressão", disse Hossein Salami. "O Irã não está em busca de uma guerra com qualquer país, mas estamos completamente preparados para defender o Irã".
Os militares norte-americanos rejeitaram a acusação de que teriam violado o espaço aéreo iraniano, alegando que o equipamento estava em território internacional. "Nenhuma aeronave norte-americana estava operando no espaço aéreo iraniano nesta quinta-feira", disse Bill Urban, porta-voz do Comando Central. "Esse é um ataque não provocado a um equipamento de vigilância norte-americano em espaço aéreo internacional".
Leia também: Em meio a tensões, Rússia pede que Trump pare com provocações ao Irã
Você viu?
Em outra frente da complicada disputa de forças no Oriente Médio, a Arábia Saudita confirmou que rebeldes Houthis apoiados pelo Irã teriam realizado uma nova ofensiva aérea no território saudita na quarta-feira (19). Na guerra do Iêmen, os Houthis lutam contra uma coalizão liderada pelos sauditas e com o apoio dos EUA e dos Emirados Árabes Unidos, que com frequência culpa Teerã pelos ataques.
EUA x Irã
O relacionamento entre os dois países é historicamente difícil, mas registra uma piora crescente desde maio de 2018, quando o presidente Donald Trump anunciou a retirada do acordo nuclear negociado em 2015 . Na ocasião, o Irã se comprometeu a não produzir a bomba atômica em troca dos benefícios econômicos que esperava obter com o fim das sanções então vigentes da ONU (Organização das Nações Unidas), da União Europeia e dos EUA.
As sanções europeias e as impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas foram suspensas, mas, dado o poder do dólar e do sistema financeiro americano, a volta das sanções de Washington acabou atingindo o comércio e os investimentos no Irã de empresas de outros países, incluindo as europeias.
O medo de um conflito armado ganhou forças na semana passada, quando os norte-americanos acusaram Teerã de atacar dois navios petroleiros no Estreito de Ormuz . A Casa Branca já havia culpado os persas, que negam envolvimento, por incidentes similares em quatro navios no mês passado.
Na quarta-feira, militares dos EUA disseram para jornalistas que teriam recuperado fragmentos similares às minas magnéticas , frequentemente utilizadas pelo Irã, em uma das embarcações. Dias antes, o Pentágono havia divulgado um vídeo que alega mostrar iranianos tirando explosivo de um dos navios.
Na segunda-feira (17), horas após o Irã anuinciar que seu estoque de urânio enriquecido ultrapassará no dia 27 de junho o limite estabelecido pelo acordo nuclear, violando os termos do tratado, Trump anunciou o envio de mil soldados adicionais para o Oriente Médio. Em maio, 1.500 homens e diversos equipamentos militares já haviam sido deslocados para a região.