Venda de avião presidencial mexicano vai financiar combate à imigração ilegal

Com dinheiro da venda, México vai enviar 6 mil soldados da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala; decisão segue acordo com Estados Unidos

Presidente mexicano havia prometido durante a campanha vender avião presidencial, mas dinheiro teria outro fim
Foto: Reprodução/Twitter
Presidente mexicano havia prometido durante a campanha vender avião presidencial, mas dinheiro teria outro fim

O presidente do México, Andres Manuel López Obrador, se comprometeu a utilizar os recursos obtidos com a venda de seu avião presidencial para financiar políticas de combate à imigração ilegal. A decisão foi tomada depois que o país firmou um acordo com os Estados Unidos para barrar a criação de novas tarifas sobre os produtos mexicanos, em troca de maior apoio ao enfrentamento à migração de moradores da América Latina para os EUA.

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Durante a campanha, o então candidato do partido de esquerda Movimento de Regeneração Nacional (Morena) prometeu que viajaria na classe econômica em vez de usar o avião de luxo. Antes de ser destinado ao combate a imigração ilegal , o valor arrecadado seria revertido para comunidades pobres do país. Com valor estimado em US$150 mil (cerca de R$575 milhões), com base em uma avaliação das Nações Unidas, a aeronave conta com um quarto e monitores de tela plana, e foi posta à venda logo depois de López Obrador assumir o cargo, em dezembro do ano passado.

Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, voltou atrás no plano de impor tarifas de 5% sobre os produtos importados do México, terceiro maior parceiro comercial dos EUA. Em troca, o país latino-americano se comprometeu a enviar 6 mil agentes da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala , numa tentativa de conter o fluxo de migrantes. A operação será financiada com a venda da aeronave de luxo e de outros 60 aviões e 70 helicópteros.

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O Boeing 787 Dreamliner foi comprado por US$218 mil (cerca de R$839 mil) em 2012, durante o governo de Enrique Peña Nieto. Batizado de "José María Morelos y Pavón", em homenagem a um dos líderes da independência mexicana, o avião só começou a ser usado em 2016, depois que o então presidente encomendou um estudo que indicava que o governo teria prejuízo com a venda da aeronave.

Além do envio de tropas para a fronteira, o governo também concordou em apoiar a expansão do projeto para que solicitantes de asilo que já estão nos Estados Unidos aguardem no México o processamento do pedido.

Nos EUA, o fluxo migratório atingiu níveis tão altos que um forte utilizado para deter americanos de ascendência japonesa durante a Segunda Guerra Mundial receberá temporariamente até 1.400 crianças migrantes desacompanhadas. A base já foi utilizada anteriormente para este fim, inclusive durante o governo de Barack Obama.

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Nas redes sociais, mexicanos criticaram a decisão de López Obrador sobre o avião presidencial e condenaram a ideia de que os fundos obtidos com a venda da aeronave — paga com dinheiro de impostos — seriam utilizados com imigração ilegal de outros países. Outros argumentam que, se o avião não foi vendido até agora, é improvável que encontre um comprador nos próximos 45 dias, prazo que o país tem para implantar o acordo os EUA.