Trump diz que aceitaria novas informações da Rússia e não informaria o FBI

Presidente norte-americano contraria instituição e diz que só avisaria se visse algo errado: "Dá um tempo, a vida não funciona dessa maneira"

Presidente contrariou FBI e disse que só informaria sobre informações estrangeiras se visse algo errado
Foto: Reprodução/Casa Branca
Presidente contrariou FBI e disse que só informaria sobre informações estrangeiras se visse algo errado

Donald Trump  afirmou, na quarta-feira (12), que não vê problemas em aceitar novamente informações da Rússiaou de qualquer outro governo estrangeiro que incriminem seus adversários. O presidente disse ainda não ver razão para contactar o FBI caso tais interferências voltem a acontecer a menos que considerasse "haver algo errado".

"Não é uma interferência. Eles têm as informação, eu acho que as aceitaria", disse Trump , em uma entrevista ao canal americano ABC News, descrevendo os dados como 'pesquisa sobre a oposição'.

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"Eu acho que, na minha vida inteira, nunca liguei para o FBI . Você não liga para o FBI. Você expulsa alguém do seu escritório, faz o que for necessário. Dá um tempo, a vida não funciona dessa maneira", disparou.

Os comentários colocam Trump em posição delicada não só perante aos candidatos à nominação do Partido Democrata , que deixaram claro seu repúdio à colaboração estrangeira, mas também ao diretor do FBI,Christopher S. Wray  . Indicado por Trump, o chefe da agência afirmou que políticos e funcionários públicos devem contactar as autoridades caso sejam abordados.

"Minha opinião é que qualquer funcionário público ou membro de uma campanha eleitoral que seja contactado por um país ou pessoa que represente os interesses de outra nação interessada em influenciar ou interferir nas nossas eleições é algo que o FBI gostaria de saber", disse Wray .

Quando George Stephanopoulos, jornalista que conduzia a entrevista na ABC News, relembrou os comentários de Wray, Trump disse que "o diretor do FBI está errado". Ao ser pressionado, o presidente cedeu e disse que talvez alertasse a agência após ouvir as informações.

Washington

O presidente já havia defendido sua decisão de realizar a reunião sob a justificativa de que qualquer campanha política escutaria informações sobre a oposição , mesmo que viessem de países estrangeiros. Robert Mueller , procurador especial, concluiu em relatório recente que o Kremlin teria se esforçado para ajudar na eleição de Trump e que a campanha presidencial teria se beneficiado de informações russas, apesar de determinar que não houve conluio.

Trump tem buscado caracterizar os resultados obtidos por Mueller como uma exoneração completa . Na quarta-feira, o presidente reforçou esta narrativa, dizendo que as descobertas do relatório afirmavam que seus aliados teriam negado a ajuda oferecida por Moscou. O advogado do presidente não respondeu a um pedido do New York Times para maiores esclarecimentos sobre o comentário.

É a segunda vez em poucas semanas que Trump deixa claro seu descontentamento com o FBI. Após Christopher Wray dizer que não concordava com a utilização da palavra "espionagem" para descrever ainvestigação das comunicações entre a campanha de Trump e a Rússia, o presidente classificou a resposta do diretor como "ridícula".

O desdém do líder americano pela agência é compartilhado por Kushner, marido de sua filha mais velha, que disse não ter certeza se informaria as autoridades caso voltasse a ser contactado por um governo estrangeiro oferecendo informações sobre um adversário.

"Eu não sei. É difícil trabalhar com hipóteses, mas a realidade é que não nos deram nada obsceno", disse Kushner, em entrevista ao site Axios.

Na quarta, Trump se envolveu em outra polêmica , ao classificar como "fake news" uma matéria do New York Times que divulgava detalhes sobre uma pesquisa interna encomendada pela campanha de reeleição do republicano, que deverá ser lançada oficialmente no próximo dia 18 visando às eleições de 2020.

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"As Fake News nunca foram mais desonestas do que hoje. Ainda bem que podemos revidar nas redes sociais. Sua nova arma são pesquisas falsas, também chamadas de pesquisas de supressão (elas suprimem números). Já existiam em 2016, mas agora são piores", tuitou o presidente.

"Os veículos de comunicação (corruptos) falsos dizem ter um furo sobre uma sondagem realizada pela minha campanha que, a propósito e apesar da falsidade e da contínua caça às bruxas, são os melhores números que já tivemos. Eles noticiam falsos números que foram inventados e nem sequer existem. Vamos ganhar outra vez!", Trump acrescentou em sua rede oficial.