Para quem acompanhou o noticiário no início da década de 2010, o nome e a imagem de Madeleine McCann não são inéditos – principalmente àqueles que vivem na Europa. No Brasil, o caso da menina inglesa que desapareceu enquanto dormia até ganhou repercussão na última década, mas é fato que, diante de tantas reviravoltas na história, ficou fácil para qualquer um se confundir.
Neste mês, Madeleine McCann completaria 16 anos de idade – ou completa, seja lá onde ela estiver . Por ocasião do 12º aniversário do seu desaparecimento, lembrado no início de maio, os pais da menina, Kate e Gerry McCann, divulgaram uma mensagem na qual afirmam que continuarão buscando sua filha.
"Os meses e anos passaram muito rapidamente. Madeleine fará 16 anos neste mês. É impossível colocar em palavras o que estamos sentindo", admitiram eles. "Agradecemos a quem continua com esperança e nos ajuda a buscar Madeleine", disseram.
O desaparecimento de Madeleine ocorreu no dia 3 de maio de 2007, em um quarto de hotel de um complexo turístico da Praia de Luz, em Algarve, em Portugal. Na época, a menina estava prestes a completar 4 anos de idade.
Ela estava no mesmo quarto que seus irmãos gêmeos, que tinham 2 anos, quando foi vista pela última vez. Na ocasião em que a menina desapareceu, seus pais, ambos médicos, haviam saído para jantar com amigos em um restaurante próximo ao local onde ela descansava com os irmãos.
Após o sumiço, a história de Madeleine ganhou repercussão mundial, contando até com o apelo de famosos. Os próprios pais da menina chegaram a ser dados como suspeitos do crime, mas essa hipótese foi descartada.
Até hoje, a morte da menina não foi confirmada e a família segue, quase sem esperança, em busca do paradeiro da criança. As investigações continuam e mais de 8 mil relatos de aparições da menina ao redor do mundo já foram registradas, mas nenhum deles efetivamente se confirmou.
Muitos suspeitos – inclusive os pais da menina
Um mês após o desaparecimento de Madeleine, os investigadores portugueses já haviam entrevistado dezenas de pessoas para entender o que, de fato, aconteceu para que ela desaparecesse do próprio quarto. Nessa época, apenas uma das pessoas ouvidas foi considerada oficialmente suspeita.
Robert Murat, de 33 anos, era um cidadão britânico que morava com a mãe em uma casa próxima ao hotel onde a família McCann estava hospedada. Murat chegou a ser detido e interrogado, mas foi solto por falta de provas. Mais tarde, ele disse que a história havia "acabado com sua vida".
Durante a apuração, logo nos primeiros meses após o sumiço da garota, cães farejadores participaram das buscas. Foram eles quem identificaram, com o auxílio de peças de roupa da inglesa, que Madeleine chegou a passar por outro apartamento do balneário antes de desaparecer.
Em setembro de 2007, quatro meses após o desaparecimento da menina, a polícia portuguesa chegou a declarar os pais de Madeleine como suspeitos, tese que chegou a ser apoiada pela imprensa. Em compensação, em março de 2008, no ano seguinte, os pais da menina aceitaram um pedido de desculpas e uma indenização por danos morais de dois jornais britânicos.
Os pais de Madeleine sempre negaram ter participado do desaparecimento da filha e nenhum indício de suspeita que recaísse sobre eles foi encontrado na investigação britânica. Frente a isso, ainda em 2008, a polícia portuguesa declarou as investigações como encerradas – até então.
Duas linhas de investigações
Haviam duas linhas de investigação paralelas sobre o desaparecimento da menina: uma da Polícia Judicial portuguesa e outra no Reino Unido, dirigida pela Scotland Yard. A polícia britânica continuou ativa no caso e, em janeiro de 2014, o Reino Unido pediu ajuda das autoridades portuguesas para deter três suspeitos. O trio teria efetuado furtos no complexo de férias onde Madeleine desapareceu, no dia 3 de maio de 2007.
Após as investigações avançarem, no entanto, comprovou-se que os três suspeitos não eram culpados pelo desaparecimento da menina. Assim, o caso seguiu sem solução.
Neste ano, um novo suspeito do caso foi identificado pela polícia de Portugal , que, por causa disso, decidiu retomar o caso. Ele seria um cidadão alemão, chamado pela imprensa como "pedófilo predador", que foi condenado pelo assassinato de três crianças.
A polícia do Reino Unido já havia identificado o homem em 2011, mas sua relação com o caso de Madeleine foi descartada porque seu alvo principal eram crianças de sexo masculino. Só que, recentemente, a polícia obteve novas informações que levaram as autoridades a voltarem a investigá-lo.
Esse suspeito ainda está sendo investigado e a polícia não chegou a uma conclusão para o caso.
Investimento de tempo e dinheiro
De acordo com a polícia, foram registradas mais de 2 mil diligências, 500 buscas na região e 12 mil páginas de processo durante as investigações sobre o sumiço da menina. Além disso, desde o início das investigações, o caso já recebeu o financiamento público de 11,75 milhões de libras, o equivalente a R$ 58 milhões.
Alimentando uma suspeita de possível tráfico de crianças
, diversas testemunhas relataram possíveis aparições de Madeleine no Marrocos. Frente a isso, os pais da menina inclusive foram até o país pedir ajuda nas investigações poucas semanas após o desaparecimento, mas nenhuma pista apontou para a presença da criança por lá.
Quando o desaparecimento de Madeleine McCann completou 10 anos, em maio de 2017, a polícia britânica chegou a informar que já tinham sido investigados 40 mil documentos e 600 pessoas. No entanto, o caso ainda parece estar longe de ser solucionado.