Aproveitando o interesse e a comoção mundial causados pela exibição dos episódios da última temporada de Game of Thrones , na HBO, a Anistia Internacional resolveu apelar para o enredo da série, numa tentativa de sensibilizar a população global sobre a situação na Síria. O país vive em guerra desde 2011.
Nas redes sociais, a Anistia Internacional publicou uma imagem que mostra a cidade fictícia de King's Landing (ou Porto Real), a capital real de Westeros, totalmente destruída. Abaixo, uma imagem de Raqqa, na Síria, aparece sob as mesma condições, ilustrando a frase: "Você não precisa de um dragão para destruir uma cidade".
"Em Game of Throne s, a morte e a destruição eram apenas ficção. Em Raqqa, na Síria, não eram. A coligação liderada pelos EUA ataca os danos que foram muito reais", diz a peça publicada.
No mês passado, a Anistia informou que mais de 1.600 civis sírios foram mortos em uma ofensiva da coalizão liderada pelos Estados Unidos na cidade de Raqqa, em 2017.
Junto à organização britânica Airwars, as duas investigaram 200 ataques aéreos na região e, ao comentarem suas conclusões, pediram que a coalizão “dê fim aos seus dois anos de negação” de seu impacto sobre a população civil durante a guerra.
A coalizão americana, aliada do presidente Bashar al-Assad, confirma apenas 180 óbitos de civis em sua campanha militar na Síria. Os comandantes de suas forças alegam ter feito o possível para não atingir civis durante as operações, garantindo que os ataques aéreos seguiram os protocolos dos conflitos armados.
Além dos Estados Unidos, a coalizão denunciada tem membros como o Reino Unido e a França. Suas tropas já conduziram pelo menos 34.000 ataques aéreos na Síria e no vizinho Iraque. As ações começaram em 2014, quando soldados do Estado Islâmico tomaram grandes partes do território dos dois países, impondo seu regime violento a mais de 8 milhões de pessoas.
No mês passado, o governo americano declarou o fim do autoproclamado “califado” dos jihadistas, depois de tomar seu último reduto em Raqa, considerada a capital do grupo. Seu trabalho também é apoiado pelas Forças Democráticas Sírias (SDF), da minoria curda. Mas o Estado Islâmico continua presente em outras regiões desse país e do Iraque.