O presidente do Irã, Hassan Rohani, ameaçou nesta quarta-feira (8) retomar o programa de enriquecimento de urânio do país em 60 dias, caso as potências mundiais não renegociem os termos do acordo nuclear de 2015.
A declaraçãodo Irã coincide com o aniversário de um ano da saída dos Estados Unidos do tratado, que também foi assinado por Alemanha (representando a União Europeia), China, França, Reino Unido e Rússia.
Em um discurso televisionado, Rohani afirmou que o Irã pode interromper a exportação do excesso de urânio e da água pesada de seu programa nuclear. "Sentimos que o acordo nuclear precisa de uma cirurgia, e os analgésicos do ano passado não tiveram eficácia", disse o presidente.
De acordo com ele, o objetivo é "salvar" o tratado, e não "destruí-lo". Em uma carta às cinco potências, Teerã também lembra que o pacto de 2015 prevê a retomada de atividades atômicas em caso de rompimento por parte de algum de seus signatários.
O tratado prevê o fim das sanções econômicas contra o Irã em troca de restrições a seu programa nuclear. No ano passado, no entanto, o presidente dos EUA, Donald Trump , rompeu o acordo e restabeleceu bloqueios contra a economia iraniana, agravando a crise econômica no país persa.
Washington também tem pressionado as outras nações a não fazerem negócios com o Irã e ameaçou sancionar quem importar seu petróleo. "Se os cinco países nos ajudarem a alcançar benefícios nos setores de petróleo e bancário, o Irã retornará a seus compromissos", prometeu Rohani.
Reações
O porta-voz do governo da Rússia , Dmitri Peskov, afirmou que o ultimato do Irã é resultado dos "passos tomados por Washington". "O presidente Putin alertou repetidamente sobre as consequências das medidas contra o Irã, agora estamos começando a ver essas consequências", acrescentou.
Já a China disse que todos os signatários "têm a responsabilidade" de garantir que o acordo seja cumprido. Por sua vez, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu que não permitirá "que o Irã tenha armas nucleares".