Israelenses condenam Bolsonaro por fala sobre Holocausto: "Nunca perdoaremos"
"Ninguém jamais será capaz de impor perdão ao povo judeu e nunca poderá ser obtido por outros interesses", disse o presidente de Israel no Twitter
Por iG São Paulo | - com informações da Ansa |
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, se uniu a diversos israelenses para criticar o presidente Jair Bolsonaro, após o brasileiro dizer que os crimes do Holocausto podem ser perdoados, mas nunca esquecidos.
"Nós nunca perdoaremos e nunca esqueceremos. Ninguém jamais será capaz de impor perdão ao povo judeu e nunca poderá ser obtido por outros interesses", disse Rivlin no Twitter, sem citar o nome de Bolsonaro .
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What Amalek did to us inscribed in our memory, the memory of an ancient people. We will always oppose those who deny the truth or those who wish to expunge our memory – not individuals or groups, not party leaders or prime ministers. We will never forgive and never forget
— Reuven Rivlin (@PresidentRuvi) April 13, 2019
"O que [os nazistas] fizeram conosco está gravado em nossa memória, na memória de um povo antigo", acrescentou o chefe de Estado israelense, ressaltando que os judeus "sempre lutarão contra a xenofobia e o antissemitismo".
Para Rivlin, "líderes políticos são responsáveis por moldar o futuro. Historiadores descrevem o passado e investigam o que aconteceu. Nenhuma das partes deveria entrar no território da outra".
Neste sábado (13), o centro de memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, divulgou um comunicado no qual afirma que "não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados".
Segundo a nota, o museu dedicado a homenagear as vítimas do genocídio afirma que "desde sua criação tem trabalhado para manter a lembrança do Holocausto viva e relevante para o povo judeu e a toda humanidade".
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Relembre o caso
Durante reunião com pastores evangélicos no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (11), Bolsonaro provocou debates em todo o mundo depois de dizer que é possível perdoar o Holocausto, só não esquecê-lo.
"Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma", afirmou o mandatário brasileiro.
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Neste domingo (14), o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, informou que recebeu uma mensagem de Bolsonaro, na qual explica que "o perdão é algo pessoal". Além disso, ele tomou partido de Bolsonaro e alertou que quem tentar desacreditar "das palavras de um grande amigo do povo e do governo de Israel" não terá sucesso.
"Em nenhum momento de seu discurso o presidente mostrou desrespeito ou indiferença em relação ao sofrimento dos judeus", publicou em uma rede social.
Bolsonaro é considerado um forte apoiador de Israel e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu . No início do mês, ele visitou o Museu do Holocausto e chegou a afirmar que "não há dúvida de que o nazismo foi um movimento de esquerda". A declaração contraria todas as informações disponibilizadas pelo centro cultural.