"Nós temos 22 ministérios. 20 homens e 2 mulheres. Somente um pequeno detalhe: cada uma dessas mulheres que estão aqui equivalem por dez homens." A declaração foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante cerimônia para celebrar o Dia Internacional da Mulher , no último 8 de março, visando relativizar o baixo número de mulheres no governo.
Apesar do discurso, a frieza dos números não permite que o Brasil se vanglorie quando o assunto é participação feminina em ministérios. O País tem como ministras apenas Damares Alves (Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura), o que corresponde a só 9,1% da equipe de Bolsonaro. Esse índice coloca no Brasil bem abaixo da média mundial, que é de 20,7% de mulheres no governo .
Os dados constam de estudo divulgado nesta terça-feira (12) pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. No ranking mundial de participação feminina em governos federais, o Brasil aparece na posição 149 entre 188 nações. O País é o pior colocado entre todos os países da América do Sul e, dentre os BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), os brasileiros estão à frente apenas dos chineses.
O país com maior participação feminina no governo é a Espanha, que tem 11 ministras entre os 17 componentes do governo Pedro Sánchez (taxa de 64,7%).
Leia também: Vamos ensinar meninos a levar flores e a abrir porta para mulheres, diz Damares
De acordo com a ONU , que realiza esse tipo de estudo a cada dois anos, a proporção mundial de mulheres à frente de ministérios é a maior já registrada (2,4 pontos percentuais acima da registrada em 2017), mas ainda avança lentamente.
O levantamento também revela que as mulheres têm liderado cada vez mais áreas em seus governos locais. A grande maioria das ministras mundo afora, no entanto ainda exerce chefia em pastas como Assuntos Sociais e Família (tal como Damares, no Brasil).
Leia também: Lei do feminicídio completa 4 anos, mas ainda enfrenta resistência no Brasil
Em relação à participação feminina no Congresso, o Brasil também teve resultado abaixo da média mundial, mas ficou um pouco melhor colocado do que no levantamento sobre a inclusão de mulheres no governo . O País tem 77 deputadas entre 513 integrantes da Câmara, e 12 senadoras entre 81 componentes do Senado. Combinados, esses números expressam 14,9% de participação feminina no parlamento brasileiro. A média mundial é de 24,3%.