Emilio González, prefeito do município de Gran Sabana, na Venezuela, fugiu acompanhado de uma comitiva para o Brasil depois que civis foram atacados por militares na sua cidade. González denunciou neste domingo (24) que pelo menos 25 pessoas foram mortas em confronto com as Forças Armadas e com as milícias pró-governo.
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“Estão atacando, há sangue no caminho e nas ruas”, disse o prefeito. O grupo de oito pessoas incluía, além do prefeito, assessores e um grupo de escolta. Eles saíram da Venezuela caminhando por seis horas em trilhas abertas na selva com o objetivo de denunciar abusos do governo à imprensa brasileira.
O prefeito de Gran Sabana, que fica a 15 quilômetros da fronteira com o Brasil, afirmou que os corpos das pessoas mortas foram recolhidas na região administrativa gerida por ele, e que acredita que os números de mortos devem subir ainda mais assim que a prefeitura conseguir recolher os corpos de regiões ermas.
De acordo com o prefeito, três mil militares chegaram em oito comboios a Santa Elena na tarde de sábado (23). Também segundo González, também havia entre eles milicianos chavistas. O prefeito denunciou ainda que a Guarda Nacional disparou contra a população civil, que não portava armas enquanto se manifestava. No total, 85 pessoas ficaram feridas.
Até então, haviam sido confirmadas as mortes de apenas duas pessoas pela Guarda Nacional Bolivariana na sexta-feira (22), a 70 quilômetros da fronteira brasileira e de quatro pessoas em Santa Elena por milícias pró-governo no sábado (23).
Os confrontos na fronteira se intensificaram neste final de semana. Na divisa com a Colômbia houve troca de agressões, com manifestantes atirando coquetéis molotov e pedras e os militares revidando com bombas de gás lacrimogêneo e tiros. Quase 300 pessoas ficaram feridas.
Na fronteira com o Brasil os protestos também se acirraram com o ataque a uma base do Exército venezuelano. Os militares novamente responderam com bombas de gás lacrimogêneo e tiros, que adentraram o território brasileiro.
O conflito se dá pelo impasse no envio de ajuda humanitária para a Venezuela. Toneladas de alimentos e remédios doados principalmente pelos Estados Unidos estão estocados no Brasil e na Colômbia. O último sábado (23) ficou conhecido como ‘Dia D’ pois foi a data que Juan Guaidó, líder oposicionista, havia definido para a entrada no território dessa ajuda.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro , no entanto, fechou as fronteiras e não permitiu a entrada das doações. Maduro acredita que a ajuda humanitária pode ser uma forma de intervenção dos Estados Unidos na política da Venezuela .