O autodeclarado presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó, fez apelo por uma maior pressão internacional ao regime de Nicolás Maduro e lamentou o "banho de sangue" promovido pelas tropas leais ao chavista nas fronteiras do país com a Colômbia e com Brasil . As declarações foram feitas durante discurso realizado nesta segunda-feira (25) na cúpula do Grupo de Lima, em Bogotá, sobre a crise na Venezuela.
Guaidó condenou o bloqueio à ajuda humanitária que pretendia atender às pessoas que sofrem com a crise na Venezuela e atacou o "usurpador" Nicolás Maduro. "O regime de Maduro pensa que bloquear a ajuda humanitária foi uma vitória . Eles cantam e dançam sobre os túmulos de indígenas", disse o presidente interino, referindo-se às mortes de dois indígenas baleados em confrontos com a Guarda Nacional Bolivariana na fronteira.
"Ficou claro, evidente. Em apenas um dia, o mundo viu o que a Venezula vem sofrendo há anos", continuou.
Juan Guaidó cobrou a realização de uma "eleição realmente livre" no país, voltando a atacar o processo que reelegeu Maduro para um novo mandato até 2025. O pleito ocorreu no ano passado e foi cercado por denúncias de uso do aparato estatal para favorecer o chavista e calar opositores. Os dois principais adversários de Maduro foram impedidos de disputar as eleições e menos de metade dos venezuelanos compareceu às urnas.
"A pressão está apenas começando. A pressão por parte de uma região determinada em recuperar as forças fundamentais na Venezuela. Não há um dilema entre democracia e a ditadura. A democracia deve prevalecer. [...] Estamos pedindo, honradamente, a ajuda e cooperação para avançar nesta pressão necessária", clamou o presidente interino aos líderes de 13 países que integram o Grupo de Lima, além dos Estados Unidos, representado no encontro pelo vice Mike Pence.
"Este é o momento, irmãos e irmãs de toda a região, de a gente seguir construindo essa capacidade, com todos os cenários internacionais possíveis, com todas as forças, para cessar com as forças usadas no nosso país. Vocês e mais 60 países me reconheceram como presidente interino da Venezuela. Em nome de milhões de venezuelanos, vamos resolver essa crise, que já tem muito sangue venezuelano derramado nas ruas", completou Guaidó.
O discurso do venezuelano foi seguido por fala do vice de Donald Trump nos EUA, Mike Pence . Ele anunciou que os Estados Unidos anunciarão novas sanções contra o governo de Nicolás Maduro nos próximos dias.
O Brasil é representado na reunião pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB) e pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ambos viajaram ontem e, nos últimos dias, Araújo esteve em Pacaraima (RR) e na fronteira da Colômbia. Em nota, o governo brasileiro repudiou os atos de violência tanto nas áreas próximas ao Brasil
quanto na colombiana.
Mourão manteve contatos telefônicos com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao longo do fim de semana para alinhar o discurso a ser defendido na reunião desta segunda-feira. O vice-presidente deve seguir a mesma linha de Guaidó e Pence e defender maior isolamento ao regime de Maduro .
Há dois dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou de um evento público em que defendeu a legitimidade de Guaidó, criticou a gestão de Maduro e demonstrou preocupação com a grave crise na Venezuela , que já assume caráter humanitário.