O Papa Francisco divulgou nesta sexta-feira (21) seu tradicional discurso de Natal e aproveitou a ocasião para pedir que os padres que cometeram abusos sexuais a menores de idade se entreguem à Justiça, alegando que a Igreja Católica não vai esquecer os episódios criminosos cometidos por certos integrantes do clero.
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A mensagem anual destinada à Cúria Romana ainda fala que a Igreja não medirá esforços para fazer o que for preciso para levar à justiça quem cometeu essas “abominações”. "Para aqueles que abusam de menores eu diria: converta-se e se entregue à Justiça humana, e prepare-se para a justiça divina", afirmou o Papa Francisco .
Nos últimos anos, o Papa denunciou casos de corrupção e má administração na Cúria durante seus discursos de Natal. Neste ano, Francisco resolveu dar atenção especial à crise que assola a Igreja Católica em torno dos casos de abusos sexuais que foram registrados em diversos países.
O pontífice ainda reconheceu que, em casos do passado, a Igreja falhou em lidar com o problema, por culpa dos líderes religiosos que agiram de maneira irresponsável ao não acreditarem nas vítimas.
"É inegável que alguns no passado, por irresponsabilidade, descrença, falta de treinamento, inexperiência ou falta de visão espiritual e humana, trataram muitos casos sem a seriedade e prontidão que foram devidas", afirmou.
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Vale lembrar que, no começo do ano, o Papa defendeu o bispo chileno Juan Barros, que era acusado de acobertar casos de abusos sexuais , na região de Osorio. Após o início das investigações, Francisco pediu desculpas pelo erro e aceitou a renúncia, tanto de Barros, quanto de outros bispos chilenos.
O discurso ainda trouxe a promessa de que o erro não será cometido novamente, já que a Igreja está decidida a não silenciar os casos e a encará-los de maneira séria. Os erros cometidos no passado foram enxergados pelo Papa como uma oportunidade de “eliminar esse flagelo” e combater os casos de abuso cometidos na Igreja e na sociedade pelos criminosos, considerados “predadores” pelo Papa.
Entre os dias 21 e 24 de fevereiro, será realizada uma reunião com os chefes de cerca de 110 conferências nacionais de bispos católicos e dezenas de especialistas e líderes de ordens religiosas, para debater sobre os casos de abusos sexuais que ocorrem no mundo.
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A expectativa das vítimas dos abusos em relação ao encontro exigido pelo Papa Francisco é de que os bispos sejam responsabilizados pelos seus atos, principalmente se os líderes de suas regiões não tenham lidado de maneira adequada com os crimes.