Ligação aponta envolvimento de príncipe saudita com assassinato de jornalista

Segundo jornal, gravação de telefonema no qual oficial de segurança diz que "trabalho está feito" pode se referir ao assassinato de Jamal Khashoggi

Jornalista saudita Jamal Khashoggi escrevia para o jornal The Washington Post e também tinha cidadania americana
Foto: Reprodução
Jornalista saudita Jamal Khashoggi escrevia para o jornal The Washington Post e também tinha cidadania americana

Uma ligação realizada de dentro da embaixada da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, reforçou suspeitas de que o príncipe saudita, Mohammed bin Salman, foi o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, ocorrido no dia 2 de outubro .

De acordo com reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta terça-feira (13), o oficial de segurança Maher Abdulaziz Mutreb realizou ligação a um de seus superiores e deu a instrução, em árabe, de que fosse dito ao “chefe” que "o trabalho estava feito", provavelmente, referindo-se ao atentado contra Jamal Khashoggi .

O telefonema foi gravado e compartilhado com a diretora da C.I.A., Gina Haspel, que acredita que essa é uma das evidências mais fortes que ligam o príncipe ao assassinato do jornalista . Segundo o jornal americano, Mutreb viajava constantemente com Mohammed e estaria em contato com um de seus assessores.

Autoridades turcas se manifestaram dizendo que o áudio não aponta de maneira conclusiva que o “chefe” trata-se do príncipe. Por mais que a gravação seja convincente, a inteligência americana e outros oficiais do governo advertem que não há provas concretas do envolvimento de Mohammed na morte de Khashoggi.

Em uma coletiva de imprensa que aconteceu em Cingapura, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John R. Bolton, reafirmou que a gravação realizada foi inconclusiva, já que, mesmo que Mutreb acreditasse que o assassinato foi ordenado pelo príncipe, ele pode ter entendido de maneira errada a origem da ordem.

De acordo com as autoridades sauditas , Mohammed não tinha conhecimento do assassinato de Khashoggi e as gravações, ouvidas e analisadas pelos seus serviços de inteligência, não faziam referência à frase mencionada.

Enquanto isso, o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan anunciou, no sábado (10), que seu governo compartilhou o áudio com os Estados Unidos, com a Arábia Saudita e com outros aliados ocidentais, com o objetivo de pressionar a Arábia Saudita a revelar como o crime foi cometido.

A morte de Jamal Khashoggi

Foto: Reprodução/Al Manar
Jornalista saudita, Jamal Khashoggi, desapareceu após entrar em Consulado Saudita

No dia 2 de outubro, o jornalista jamal Kashoggi, 59 anos, desapareceu após entrar no consulado saudita, na Turquia , para resolver questões burocráticas referentes ao seu casamento com uma cidadã turca.

Mais de duas semanas mais tarde, o governo da Arábia Saudita reconheceu que Jamal foi morto dentro da embaixada, o que teria ocorrido após "confronto corporal". O governo da Turquia alega que o jornalista foi decapitado e seus restos mortais foram encontrados no jardim da casa do cônsul-geral local.

Apesar de ser saudita, Jamal Khashoggi morava no estado da Virginia, nos Estados Unidos, e trabalhava como colunista no jornal The Washington Post . O jornalista fazia constantes críticas ao governo da Arábia Saudita liderado, desde 2015, pelo rei Salmab bin Abdulaziz Al Saud.