O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, lança nesta segunda-feira (20) um pacote de medidas para tentar conter a inflação - estimada em 1.000.000% neste ano, de acordo com Fundo Monetário Internacional (FMI). A maior mudança do chamado "Madurazo", é o corte de cinco zeros da moeda da Venezuela, que se chamará bolívar soberano.
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A moeda terá 8 notas diferentes e duas moedas metálicas. A maior nota do sistema que já começa a sair de circulação é a de 100 mil bolívares, sendo que uma xícara de café fica acima de 2 milhões de bolívares, segundo a Deutsche Welle. Agora, a maior nota será a de 500 bolívares (o equivalente a US$ 7 ou R$ 27). A ideia é controlar a hiperinflação no país.
Mesmo com as incertezas que o país enfrenta, Nicolás Maduro define o atual momento como um “grande mudança” e um “ponto de reflexão”. "Vamos desmontar a perversa guerra do capitalismo neoliberal”, afirmou o presidente.
Na última sexta-feira (17), Maduro também anunciou a unificação das taxas de câmbio do país. A nova taxa será atrelada a uma criptomoeda, ligada ao preço do petróleo. Isso colaborou para que a moeda do país na prática tivesse 96% de desvalorização em relação ao dólar.
Segundo as autoridades da Venezuela , haverá um novo redesenho da política fiscal e tributária do país, incluindo subsídios para a gasolina, reajustada em quatro pontos percentuais, e a definição de câmbio único, que flutuará de acordo com as definições do Banco Central Venezuelano.
A petro, a criptomoeda criada pelo governo no início do ano, irá definir, além do câmbio, o salário mínimo e as pensões. O salário mínimo também deverá ter um aumento em 3.500% a partir de 1º de setembro.
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Nova moeda venezuelana
A nova moeda venezuelana, cujo símbolo é Bs.S., tem cinco zeros a menos em comparação ao bolívar, que coexistirá para operações bancárias menores.
As novas notas de Bolívar soberano são de 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200 e 500 já estão nos bancos e serão colocadas em circulação ainda nesta segunda-feira. Os símbolos das notas têm referência ao petróleo, pois a Venezuela tem grandes reservas.
Dona das maiores reservas mundiais de petróleo, a Venezuela observa o encolhimento da sua economia.
De 1913 até este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país foi reduzido pela metade, segundo o FMI, que prevê uma inflação superior a 13.000% em 2018 e um índice de desemprego de 36% até 2022.
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A mudança na moeda não será suficiente para superar a grave crise econômica, social e política, que o maior desafio de Maduro. O que se passa no país também preocupa os países vizinhos, que estão enfrentando uma crise humanitária na região, pois eles não têm estrutura para absorver os milhares de venezuelanos que fogem da hiperinflação e do desabastecimento.
*Com informações da Telesur, emissora pública de televisão da Venezuela