Itamaraty informa que 19 crianças já foram reunidas com suas famílias nos EUA

Ministérios das Relações Exteriores, no entanto, afirma que outras 30 crianças permanecem separadas dos pais. 15 delas em abrigo em Chicago

Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) se licenciou do cargo e assumiu o Ministério das Relações Exteriores em abril. Agora tem que gerenciar a crise das crianças brasileiras separadas dos pais nos Estados Unidos
Foto: Pedro França/Agência Senado - 19.2.2014
Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) se licenciou do cargo e assumiu o Ministério das Relações Exteriores em abril. Agora tem que gerenciar a crise das crianças brasileiras separadas dos pais nos Estados Unidos

O Ministério das Relações Exteriores informou neste sábado (21) que 19 crianças brasileiras já foram reunidas com seus pais nas últimas duas semanas nos Estados Unidos. Essas crianças foram separadas dos pais ao atravessarem a fronteira dos Estados Unidos depois que foram interceptadas e enquadradas na política de "tolerância zero" do presidente Donald Trump.

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Em nota, o Itamaraty afirmou ainda que restam outras 30 crianças brasileiras mantidas separadas dos pais em abrigos do governo americano. De acordo com o Ministério, porém, esses menores já foram localizados, identificados e se encontram: 15 em Chicago, seis em Houston, seis em Los Angeles, dois em Miami e um em Nova York.

O governo ainda informou que os processos para reuniar essas famílias já estão em fase de finalização e o reecontro deve ocorrer em breve. Isso porque o governo norte-americanao tem até o dia 26 de julho para reunir todas as 2.551 crianças de 5 a 17 anos de idade que foram abrigadas em separado de seus pais desde abril deste ano.

Nessa época, a política de tolerância zero do governo do presidente norte-americano Donald Trump entrou em vigor e começou a separar pais e filhos que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos pela fronteira com o México.

Os adultos capturados eram levados a prisões e os menores para abrigos separados, muitas vezes, por milhares de quilômetros de forma que a medida causou polêmica e obrigou Trump a, em junho, assinar uma ordem para acabar com a separação de famílias. 

Os 19 brasileiros que voltaram a se encontrar com os pais fazem parte de um grupo maior de 450 crianças de 5 a 17 anos que, desde sexta-feira (20), começaram a se reunir com seus pais.

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Pais e crianças brasileiras não querem voltar ao Brasil

Foto: Reprodução/CNN
Mesmo com política de tolerância zero de Trump com imigrantes ilegais, brasileiros preferem continuar preso nos Estados Unidos a retornar ao Brasil

Em nota, o Itamaraty afirmou que os agentes consulares brasileiros mantém visitas regulares aos abrigos onde estão essas crianças, com contato com cada um dos menores "para assegurar que estão recebendo os cuidados devidos.

O Ministério das Relações Exteriores afirmou, no entanto, que não cabe ao governo brasileiro obrigas essas crianças e familiares a retornarem ao Brasil. O Ministério chegou a dizer que "a maioria expressiva manifesta o interesse de permanecer nos Estados Unidos, ainda que para isso tenha de aguardar a decisão das autoridades locais."

O comunicado do Itamaraty foi uma resposta ao novo ofício encaminhado ao Ministério pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A organização pediu ao chanceler Aloysio Nunes (PSDB), que é senador licenciado por São Paulo, informações mais precisas sobre a quantidade de crianças brasileiras que ainda estavam em abrigos nos Estados Unidos.

Segundo a OAB, a identificação correta dos menores e dos locais onde se encontram "é de fundamental importância" para que a entidade possa tomar as providências devidas para fazer uma defesa adequada dos brasileiros "com o intuito de cessar a violação aos direitos humanos perpretrada" pelo governo norte-americano.

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O Itamaraty, no entanto, se esquivou da crítica e, sem citar o ofício da OAB, afirmou que tem mantido a sociedade brasileira informada sobre a localização e o estado dos menores que estão nos abrigos nos Estados Unidos, sem compromete sua privacidade. Além disso, o Ministérioa ainda informou que "tem feito chegar ao governo norte-americano, em diferentes momentos, seu firme desagrado com uma prática que considera cruel e em franca violação de instrumentos internacionais de direitos das crianças brasileiras ."