Milhões de eleitores foram às urnas neste domingo (24) para escolher o novo presidente da Turquia. Com mais de 95% dos votos apurados, o atual líder do país, Recep Tayyip Erdogan, foi declarado vitorioso com pouco mais de 52% dos votos. Em segundo lugar aparece o social-democrata Muharrem Ince, que levou mais de 30% dos votos.
Erdogan confirmou a vitória nas urnas hoje, destacando a democracia do momento. "Espero que ninguém prejudique a democracia, lançando uma sombra sobre esta eleição e seus resultados para esconder seu fracasso". Essa corrida eleitoral foi considerada "chave" para o país, representando o maior desafio da carreira política do presidente eleito, apesar de ele ter entrado como principal candidato. Ele o cenário político da Turquia desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro, em 2003.
Erdogan foi o responsável por implementar políticas de crescimento e desenvolvimento econômico, por trazer o conservadorismo islâmico para a vida pública e por perseguir dezenas de milhares de pessoas – a maioria de críticos ao seu governo – depois de uma tentativa de golpe militar em 2016.
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Neste domingo, era esperado que ao menos 59 milhões de pessoas votassem entre os candidatos à presidência, e independentemente de quem vença, o país mudará radicalmente. Isso porque um referendo realizado no ano passado decidiu por mudar o sistema político – deixando o parlamentarismo para o presidencialismo. Assim, o novo presidente
ganhará mais poderes, concentrando aqueles antes dominados pelo primeiro-ministro, como a autoridade de emitir novas leis via decreto, por exemplo.
Vale lembrar que os turcos também votam entre candidatos ao Parlamento. Há oito partidos na briga, sendo que eleitores do Curdistão devem ser decisivos para determinar se o grupo de Erdogan terá maioria.
Erdogan convocou as novas eleições antecipadamente, há 18 meses, enquanto enfrentava diversas críticas ao governo. Os turcos estão sentindo o impacto doloroso da inflação alta, da queda da moeda do país e das altas taxas de juros, à medida que a economia fracassa. Em entrevista à CNN , eleitores disseram esperar “melhora na economia e baixa no preço dos produtos”, especialmente da “água, alimentos e energia”.
Segurança nas eleições turcas
A segurança foi uma das principais preocupações durante a votação de hoje. Alguns incidentes foram reportados, como um suposto "golpe" em Suruc, na região de maioria curda, perto da fronteira com a Síria. Segundo a Comissão Eleitoral da Turquia já foram iniciados procedimentos "administrativos e penais" para apurar a veracidade de vídeos que mostram eleitores colocando cédulas em massa nas urnas.
Também foram presos ao menos 10 "observadores estrangeiros", sendo quatro italianos, três franceses e três alemães. Segundo a agência de notícias estatal Anadolu , eles estariam acompanhando as votações de maneira independente e foram detidos nas províncias de Agri, Sirnak, Batman e Diyarbakir, teria confirmado o Ministério do Interior.
Funcionários da pasta dizem que os estrangeiros "não tinham autorização para trabalhar como observadores" e, por isso, estariam tentando "interferir nas eleições". O pleito é acompanhado pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce).
Oposição unida nas eleições da Turquia
Normalmente dividida, a oposição está unida como nunca contra o atual presidente – e principal candidato –, oferecendo um leque amplo de candidatos à presidência, o que poderia dividir os votos de maneira suficiente a deixar Erdogan como menos de 50% dos votos e, desse modo, não ganhar as eleições imediatamente.
Caso ninguém receba a maioria dos votos hoje, a Turquia passará pelo segundo turno, no dia 8 de julho, o que pode significar um cenário perigoso para Erdogan, que até hoje concorreu de maneira “fácil” contra candidatos sem brilho e venceu no primeiro turno em todas as eleições disputadas até hoje.
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*Com informações da CNN e da Agência Ansa