Um novo confronto com o Exército de Israel ao longo da fronteira da Faixa de Gaza deixou três manifestantes palestinos mortos nesta sexta-feira (8). O balanço foi divulgado pela imprensa palestina, que fala também em 618 feridos.
"Os manifestantes queimaram pneus, atiraram tubos e artefatos explosivos e pedras contra os soldados. Também lançaram uma pipa com um artefato explosivo que explodiu no ar", disse o Exército sobre o protesto na Faixa de Gaza .
As vítimas faleceram em Khan Yunis e Rafah, no sul do território, e em Jabaliya, ao norte da cidade de Gaza. De acordo com as Forças Armadas israelenses, cerca de 10 mil pessoas participaram de atos em cinco pontos da fronteira.
A "Marcha do Retorno" coincidiu nesta sexta com o "Dia de Al Quds" (Jerusalém em árabe) e foi convocada pelo grupo fundamentalista Hamas. Desde 30 de março, mais de 110 palestinos já morreram em confrontos com tropas israelenses em Gaza.
"A determinação e o profissionalismo dos soldados do Exército israelense na fronteira com Gaza deram outra boa prova", afirmou no Twitter o ministro da Defesa Avigdor Lieberman. Os atos também são motivados pelo reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos.
ONU tem criticado violência
Em maio, o coordenador especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Paz no Oriente Médio, Nikolay Mladenov, criticou a forma "indiscriminada" como Israel usa violência contra palestinos em Gaza . De acordo com ele, o país de Benjamin Netanyahu "precisa calibrar o uso da força e deve proteger suas fronteiras, mas de modo proporcional".
A declaração do coordenador da ONU foi dada um dia depois de 60 palestinos serem mortos e outros 2,7 mil serem feridos, em confrontos derivados de protestos. Essas manifestações ocorreram em decorrência da polêmica inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.
Mladenov disse ainda que o Hamas, por sua vez, "não deve usar os protestos para colocar bombas e fazer atos provocativos", explicou. "A comunidade internacional deve intervir e impedir a guerra", acrescentou o coordenador, definindo a situação como "desesperadora".
Mladenov não foi o único a criticar a reação de Israel contra os palestinos. Mais cedo, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, também denunciou que "parece que qualquer um pode ser morto a tiros".
No entanto, o direito internacional prevê que a "força letal só pode ser usada como medida de último, não de primeiro, recurso".
Vítimas "eram terroristas", diz Israel
A fim de justificar a violência, o Ministério de Segurança Interna e o Exército de Israel informaram que pelo menos 24 dos 60 palestinos mortos nos conflitos naquela ocasião "eram terroristas" que estavam prontos para "realizar atos de terror", sendo a maioria deles do grupo Hamas. Para Colville, "não é aceitável dizer que se trata do Hamas e portanto está correto".
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Por sua parte, o Alto Comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, declarou que os "responsáveis por violações dos direitos humanos" precisarão "prestar contas". Já o governo palestino pediu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (UNHRC) para "organizar uma reunião urgente para decidir sobre o envio de uma missão internacional para investigar os crimes cometidos pelas forças de ocupação militar contra pessoas desarmadas".
O governo de Rami Hamdallah disse acreditar que Israel e o governo dos Estados Unidos são responsáveis pelo "massacre que ocorreu contra o povo palestino" na Faixa de Gaza .
* Com informações da Agência Ansa