A população da República Democrática do Congo passou a receber nesta segunda-feira (21) a vacina em caráter experimental contra o vírus Ebola. “Tenho a satisfação em dizer que a vacinação começa enquanto falamos”, declarou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante discurso de abertura na Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra.
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No último boletim epidemiológico, que corresponde ao período de 4 de abril a 17 de maio, 45 casos de suspeita de infecção por Ebola foram notificados no país, incluindo o adoecimento de três profissionais de saúde e 25 mortes reportadas. No entanto, novas notificações afirmam que mais uma morte suspeita foi registrada e os casos chegam a mais de 50.
Apesar de faltarem exames para comprovar a causa, até a última sexta-feira (18), 14 casos já haviam sido confirmados. A maioria ocorreu na região remota de Bikoro, porém um outro caso foi confirmado em Bandaka, cidade de cerca de 1,2 milhão de habitantes, considerada área urbana do Congo .
“É preocupante que tenhamos um caso de Ebola em área urbana, mas estamos em posição muito melhor para lidar com a epidemia hoje do que estávamos em 2014”, afirmou Tedros, referindo-se à última epidemia do vírus, que causou mais de 11 mil mortes na África .
Segundo ele, o ministro da Saúde da República Democrática do Congo, Oly Ilunga, deve chegar amanhã (22) à Suíça para novas conversas sobre a situação do país.
Imunização
De acordo com a OMS, a vacina em questão foi utilizada em diversos ensaios envolvendo mais de 16 mil voluntários na Europa, na África e nos Estados Unidos e se mostrou segura para o uso em humanos. A entidade ressaltou ainda que a dose apresentou resultados altamente eficazes na proteção contra a doença.
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A mesma vacina já havia sido utilizada pela organização na Guiné em 2015. A estratégia, este ano, é repetir a chamada vacinação em anel, onde todas as pessoas que tiveram contato com um novo caso confirmado de ebola são rastreadas e recebem a dose, no intuito de frear a transmissão do vírus.
A vacinação na República Democrática do Congo será conduzida pela OMS em parceria com os Médicos sem Fronteira e o Ministério da Saúde do país. Mais de 4 mil doses do imunizante foram despachadas para o Congo.
Neste primeiro momento, agentes de saúde e de funerárias estão sendo protegidos. Em seguida, a população geral deverá receber também.
Um “grande esforço” foi feito por parte das autoridades para conseguir importar a vacina do Canadá para o país africano, de acordo com Tarik Jasarevict. Um dos maiores desafios foi conseguir transportar as doses em temperaturas entre -60 e -80 graus para um país subdesenvolvido, com diversas dificuldades relacionadas à energia elétrica.
Emergência
Na última sexta-feira (18), a OMS optou por não declarar emergência internacional em saúde pública , mas alertou que a situação do Ebola na região africana desperta preocupação e que países vizinhos foram avisados da possibilidade de disseminação do vírus .
Durante coletiva de imprensa, o chefe do comitê internacional que analisou o cenário na República Democrática do Congo, Robert Steffen, orientou que o governo local, a própria OMS e seus parceiros, incluindo Médicos sem Fronteiras e Cruz Vermelha Internacional, mantenham uma atuação conjunta e coordenada.
Segundo ele, caso o surto do vírus Ebola se amplie significativamente ou registre transmissão internacional, o comitê fará uma nova reunião para reavaliar a situação.
*Com informações da Agência Brasil