O líder norte-coreano Kim Jong-un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, protagonizaram um encontro histórico, na manhã desta sexta-feira (27), em Panmunjon, província de Gyeonggi, na Coreia do Sul. Na ocasião, ambos se comprometeram a trabalhar pela paz em toda a península.
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Kim Jong-un cruzou a fronteira e foi recebido por Moon Jae-in com um sorriso e um caloroso aperto de mão. Antes de prosseguirem para a Casa da Paz, no lado sul coreano, o ditador coreano convidou o presidente do sul a pisar no lado norte.
Foi na Casa da Paz onde foi assinado o armistício de fim da Guerra da Coreia, em 1953. Na ocasião, os dois lados assinaram um cessar-fogo, mas não um tratado de paz. Logo, essa guerra nunca teve, efetivamente, um fim.
Promessa de recomeço
Antes de começarem a cúpula desta sexta-feira, Kim disse que desejava manter francas discussões para as questões atuais e chegar a um bom resultado para ambas as Coreias.
"Queremos um novo começo", comentou o líder norte-coreano, segundo o jornal inglês The Guardian . "Levou 11 anos para que esse momento histórico acontecesse", disse o líder norte-coreano, que inclusive afirmou que se perguntou o por que dessa demora. O ditador disse ainda que pretende avançar nos acordos e "não voltar à estaca zero novamente".
Do lado sul-coreano, Moon declarou que "espera que o mundo inteiro preste atenção à primavera que se espalha pela península coreana". Para o presidente, "as pessoas ao redor do mundo têm grandes esperanças".
Ele destacou também que a visita de Kim faz da linha de demarcação militar um símbolo da paz e não mais da divisão. "Eu agradeço muito pela sua coragem. Nosso diálogo e conversas hoje serão muito francos. Finalmente teremos o diálogo que não pudemos ter na última década", disse o presidente.
Reunião histórica
Na cúpula, os dois líderes assumiram o "compromisso de completar a desnuclearização da Península Coreana", além de reduzir arsenais convencionais para diminuir as tensões militares e fortalecer a paz. O pacto vai substituir o armistício de 1953.
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"Estamos há muito tempo esperando e, agora, percebemos que somos uma nação, que somos próximos", afirmou Kim ao comentar a assinatura da declaração conjunta. "Estamos ligados pelo sangue e nossos compatriotas não podem viver separados", acrescentou.
De acordo com o documento, "o Norte e o Sul vão cooperar ativamente para estabelecer um sistema de paz permanente e estável na Península Coreana".
"Os dois líderes solenemente declararam ante 80 milhões de coreanos e todo o mundo que não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou", diz o texto.
No encontro, que durou cerca de duas horas, ambos "falaram sobre a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre melhoria nas relações" bilaterais, informou o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.
Além disso, Kim e Moon Jae-in decidiram organizar um encontro entre as famílias separadas desde o fim da guerra, há 65 anos, mantendo o programa "por ocasião do Dia de Libertação Nacional em 15 de agosto deste ano", quando é comemorada a rendição do Japão ao final da Segunda Guerra Mundial.
Após as discussões na cúpula desta sexta, Kim ainda disse que ambos os líderes haviam concordado em coordenar de perto o processo de paz para garantir que não ocorra uma repetição da "história infeliz" da região, na qual os progressos anteriores "fracassaram".
As duas Coreias concordaram também que Moon Jae-in visitará Pyongyang no próximo outono.
"Plante paz e prosperidade"
Durante o encontro histórico, Kim Jong-un e Moon Jae-in plantaram na zona desmilitarizada um pinheiro, nascido em 1953, ano em que foi assinado o cessar-fogo entre os dois países. Na base da árvore foi colocada uma pedra com os nomes dos líderes, com os dizeres: "plante paz e prosperidade".
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* Com informações da Agência Ansa.