A Colômbia se prepara para as eleições, no domingo (11), que devem formar o novo Congresso do país. O evento deste ano é marcado pela participação pacífica das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) – depois de mais de meio século de ameaças.
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Apesar de marcar um ano eleitoral sem as intimidações das Farc, a tensão paira na corrida eleitoral na Colômbia
. Nas últimas semanas, diferentes candidatos se envolveram em tensões – sendo alvos de agressões, incluindo o candidato da direita, Alvaro Uribe, crítico do acordo de paz realizado pelo presidente Juan Manuel Santo e as Forças Armadas Revolucionárias.
Aliás, este ano, a disputa pela maioria legislativa será entre os partidos de direita e centro, na prévia para as eleições presidenciais de maio, que devem ter como favoritos o esquerdista Gustavo Petro e o candidato do Centro Democrático, movimento liderado por Uribe - provavelmente Iván Duque Márquez.
À Agência Ansa, o analista político e acadêmico colombiano Fernando Giraldo explica que, apesar de ter desaparecido o conflito, “não sumiu a ameaça”. Segundo ele, a prolongada guerra civil no país e o interesse de diversos setores no conflito mantiveram o eleitorado sob a sensação de ameaça. E que assim continua, mesmo que as Farc tenham abandonado as armas e de o Exército da Libertação Nacional (ELN) ter suspendido ações durante o período eleitoral.
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Nas redes sociais, mensagens inflamadas evocam o medo e a possibilidade de um futuro desastroso. Por isso, o especialista defende que, “o que deve ser resolvida não é a violência guerrilheira, mas sim os problemas estruturais do país”, como “a corrupção que nos sufoca, as profundas desigualdades sociais e o tema do narcótico”, enumera.
As Farc e as eleições
A Farc , antes fator de instabilidade, agora será integrante do Estado que combateu durante mais de meio século. Como parte do acordo de paz, o partido tem direito a 10 cadeiras no Parlamento, independentemente dos votos que receber nas eleições - as pesquisas lhe dão menos de 1% das intenções.
O presidente Juan Manuel Santos, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, pelo acordo realizado com as Farc, comemora porque o “o país está saindo de um conflito armado depois de 54 anos”. “Não podemos cair novamente em agressões, em violência, simplesmente porque temos diferenças de critério em torno de nossas posições políticas”, defende o presidente colombiano.
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Nas eleições legislativas
, a Colômbia escolherá 107 senadores, (o 108º será o segundo colocado na disputa presidencial), e 171 representantes (o 172º será o vice na segunda chapa mais votada para a Presidência). A Farc terá cinco cadeiras em cada uma das câmaras.