Em meio a um período de crise política, cerca de 46 milhões de italianos deverão ir às urnas neste domingo (4) para votar em representantes legislativos do país, incluindo o primeiro-ministro. No entanto, há chances de ingovernabilidade por conta da nova lei eleitoral que dificulta a formação de uma maioria no Parlamento da Itália.
Leia também: Presidente italiano dissolve Parlamento e abre caminho para novas eleições
As eleições na Itália começam às 7h local (3h, em horário de Brasília) e só acabam às 23h local (19h), quando será iniciada a apuração, começando pelos votos do Senado e depois da Câmara dos Deputados.
Serão escolhidos 630 deputados e 315 senadores a partir do novo método misto, lei que foi aprovada em outubro, chamada de “ Rosatellum ”, que estimula a formação de coalizões e exige que um partido obtenha 40% dos votos do Parlamento para que uma norma seja aprovada, dificultando a formação de uma maioria.
Esta votação está sendo marcada por indecisão. Pesquisas realizadas pelos próprios partidos mostram que o Parlamento será formado sem maioria, sendo que o maior bloco será o que se refere à aliança entre o Força Itália, partido de Silvio Berlusconi, com grupos de extrema-direita.
O atual sistema eleitoral foi aprovado durante o mandato do primeiro-ministro interino, Paolo Gentiloni, e fez com que grupos políticos como Forza Italia, de Silvio Berlusconi; os ultradireitistas Liga Norte, de Matteo Salvini; e Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, concorressem aliados.
Hoje o primeiro-ministro é Paolo Gentiloni, do Partido Democrático (PD) que assumiu o cargo depois que Matteo Renzi, do mesmo partido, renunciou em dezembro de 2016.
Leia também: Vitória da direita na Sicília traz esperanças ao retorno de Berlusconi em 2018
Cenário incerto
De fato, as pesquisas apontam que essa coalizão poderia ser a eventual ganhadora com cerca de 35% dos votos, embora não esteja claro que consiga os apoios suficientes para formar um Executivo.
O Movimento 5 Estrelas, cujo candidato é Luigi Di Maio e já apresentou sua potencial equipe de Governo como gesto de transparência para os eleitores, lidera as preferências de voto.
As pesquisas estimam que será a legenda mais votada sozinha, com cerca de 30% das cédulas, e se for assim superaria amplamente o governamental Partido Democrata (PD, centro-esquerda) de Matteo Renzi, que nas previsões aparece com 23%.
O papel fundamental será os dos eleitores indecisos. No entanto, um dos maiores riscos é que haja uma elevada abstenção. Nas últimas eleições de 2013, 75,2% votaram, mas os veículos de imprensa italianos temem que amanhã o número seja mais baixo, motivado entre outras coisas pelo mau tempo que poderia desanimar muitos cidadãos a exercer seu direito.
Junto com as eleições gerais, ocorre neste domingo também os pleitos regionais de Lacio e Lombardia, duas regiões muito importantes para a Itália tanto pelo número de habitantes como pela contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.