Médicos Sem Fronteiras diz ter demitido 19 funcionários por abuso sexual em 2017

Uma das organizações humanitárias mais reconhecidas do mundo, a MSF admite ter enfrentado 24 casos de estupro e abuso sexual no ano passado

Uma das organizações de saúde mais reconhecidas no mundo, a francesa MSF enfrenta casos de abuso sexual
Foto: Divulgação/Médicos Sem Fronteiras/Guillaume Binet/MYOP
Uma das organizações de saúde mais reconhecidas no mundo, a francesa MSF enfrenta casos de abuso sexual

A organização internacional Médicos Sem Fronteiras admitiu nesta quarta-feira (14) ter enfrentado 24 casos de abuso sexual e estupro no ano passado, com ao menos 19 profissionais apontados pelos crimes. Todos foram demitidos. As informações são do The Guardian.

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Com base em Paris, a MSF é uma das organizações humanitárias internacionais mais reconhecidas do mundo. Depois de escândalos relacionados a casos de abuso sexual envolvendo a instituição britânica Oxfam, desta vez é a francesa que admitiu ter problemas internos com profissionais apontados por estupros e abusos. Segundo nota da MSF, houve 146 reclamações ou alertas relacionados a isso em 2017. “Depois de investigações internas, 40 casos foram apontados por abuso sexual ou estupro e, desses, 24 realmente são casos de crimes sexuais”, escreveu.

Além de admitir o problema, a organização acrescentou que 19 funcionários foram demitidos após serem ligados aos crimes. Apesar de revelar o problema, não foram dados detalhes sobre os casos, nem mesmo os países ou os departamentos onde teriam sido cometidos. Também não revelou se os profissionais demitidos são de saúde, logística ou empregados administrativos.

O que diz a MSF

A organização que atende pacientes vítimas de crises humanitárias em zonas de conflito foi criada na cidade de Paris, em 1971, e já recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1999. Atualmente, conta com 40 mil funcionários permanentes em mais de 70 países ao redor do mundo.

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Em sua declaração de missão, a ONG estabelece “compromisso de trazer cuidados médicos de qualidade para pessoas atingidas por crises, independentemente de raça, religião ou afiliação política”. Em mensagem, afirma que “os membros comprometem-se a respeitar o código de ética profissional e a manter uma total independência de todos os poderes políticos, econômicos ou religiosos”.

As declarações desta quarta-feira acontecem após a ONG Oxfam enfrentar alegações de que alguns de seus dirigentes e funcionários terem contratado profissionais do sexo no Haiti após o terremoto, em 2010. Além disso, a instituição foi acusada de encobrir o inquérito. Também foi apontado que algumas pessoas envolvidas nas orgias promovidas na sede da instituição no país devastado eram menores de idade.

Na sexta-feira (9), o jornal The Times foi o primeiro a revelar detalhes sobre o caso, após investigar casos de orgias em instalações da Oxfam. Segundo a reportagem, a organização tinha conhecimento de “preocupações internas sobre Roland van Hauwermeiren, diretor no país caribenho”, e de outro funcionário – desde quando os dois trabalhavam juntos no Chade. Depois de aparecer em todas as manchetes no Reino Unido, a instituição negou ter encoberto o escândalo, mas admitiu que deveria ter sido mais transparente.

Problema generalizado

No fim de semana, o Sunday Times informou que mais de 120 funcionários das principais instituições de caridade britânicas foram acusados ​​de abuso sexual no ano passado.  

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A Save the Children, que em 2016 assegurou contratos no valor de £ 91 milhões (quase R$ 365 milhões) com o governo, foi apontada por 31 casos de abuso sexual, dos quais 10 foram encaminhados para a polícia. A Cruz Vermelha britânica, que admitiu enfrentar “casos de assédio no Reino Unido”, recebeu £ 16,3 milhões (mais de R$ 65 milhões) de financiamento do Departamento de Desenvolvimento Internacional.