Em seu primeiro ato oficial no Peru, o papa Francisco denunciou, nesta sexta-feira (19), a opressão aos indígenas na Amazônia por parte de grupos econômicos e governos da região. A fala aconteceu durante um encontro do líder cristão com índios da Amazônia em Puerto Maldonado, próximo à fronteira com o Brasil.
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Reunido com povos indígenas, o papa Francisco disse que a Amazônia é uma "terra ameaçada" pela "forte pressão dos grandes interesses econômicos que dirigem sua avidez para o petróleo, o gás, o ouro e as monoculturas agroindustriais".
Para Francisco, a floresta está "mais ameaçada do que nunca".
"Os povos originários da Amazônia nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como agora", disse, ressaltando a falta de perspectivas para os indígenas, que muitas vezes se veem forçados a migrar para a cidade grande para garantir sua sobrevivência.
A proteção da natureza é uma das bandeiras do pontificado de Jorge Bergoglio. Seu primeiro comunicado oficial como papa, a encíclica "Louvado seja", foi dedicada à preservação ambiental. No encontro com os indígenas, em que estiveram presentes cerca de 4 mil membros de diversas tribos, o pontífice distribuiu a cada grupo uma versão da "Louvado seja" traduzida para seu próprio idioma - estavam lá representantes dos jaminauás e dos caxinauás, indígenas que vivem no estado do Acre, norte do Brasil.
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"Devemos quebrar o paradigma histórico que considera a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados", disse o papa.
No encontro, Francisco também discutiu a necessidade da Igreja discutir "novos caminhos para a evangelização" dos povos amazônicos.
"É imprescindível realizar esforços para dar vida a espaços institucionais de respeito, reconhecimento e diálogo com os povos nativos, assumindo e resgatando cultura, língua, tradições, direitos e espiritualidade que os caracterizam", disse.
"Desejei muito esse encontro, obrigado pela sua presença e por me ajudarem a ver mais de perto, em seus rostos, o reflexo dessa terra. Um rosto plural, de uma infinita variedade e de uma enorme riqueza biológica, cultural e espiritual", destacou Francisco.
No final de sua fala, o papa Francisco defendeu o estabelecimento de uma "Igreja com rosto amazônico e indígena", que não seja estranha ao modo de vida e à cultura dos povos locais.
* Com informações da Ansa
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