Após desembarcar no Chile nesta terça-feira (16), o papa Francisco, em reunião com políticos e diplomatas do país, disse sentir “vergonha e dor” por conta dos casos de pedofilia envolvendo clérigos chilenos. Em nome da igreja, ele pediu perdão pelo “dano irreparável causado a crianças por parte dos padres”.
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“Desejo unir-me aos meus irmãos no Episcopado porque é justo pedir perdão e apoiar com todas as forças as vítimas, enquanto devemos nos empenhar para que isso não se repita", disse Francisco.
Dias antes da chegada do papa ao país, diversas igrejas no Chile foram atacadas a pedradas e bombas caseiras. Panfletos com ameaças ao papa foram encontrados nos locais atingidos; entre as reclamações dos manifestantes estão os gastos milionários com a segurança do pontífice e o suposto acobertamento, por parte dele, de casos de abuso sexual infantil praticados por padres e bispos chilenos.
Na chegada do papa – quando ele quebrou o protocolo e cumprimentou os fiéis que o aguardavam no aeroporto -, uma carta assinada por membros da comunidade de Osorno, no Chile, lhe foi entregue. A carta relata casos de pedofilia cometidos por um padre da região e pede a revogação do título de bispo dado a Juan Barros, que teria agido para acobertar as histórias de abuso.
Segundo o documento, Francisco estaria “mal informado” sobre os acontecimentos na comunidade de Osorno.
Missa para 600 mil pessoas
Na presença de Michelle Bachelet , presidente do Chile, e Sebastian Piñera, presidente eleito que toma posse em março, Francisco celebrou sua primeira missa desde a chegada no país. A celebração foi no parque O´Higgins e, segundo estimativa, estava presentes 600 mil pessoas.
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Durante o culto, o papa citou Neruda , famoso poeta chileno, e também criticou a ditadura que o país viveu entre 1973 e 1990.
"Esse momento é particularmente importante porque é sinal de vosso destino como povo, fundado na liberdade e no direito, chamado a enfrentar diversos períodos turbulentos e conseguindo todavia, não sem dores, superá-los. Dessa maneira, vocês souberam consolidar e fortalecer os sonhos de seus pais fundadores", disse.
Ainda nesta terça, o papa irá visitar um presídio feminino no país. À noite, se encontrará com bispos, padres e freiras. O papa Francisco permanece no Chile até o dia 18, quando então parte para o Peru, onde fica até o dia 22 de janeiro.
* Com informações da Ansa
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