Milhares de pessoas simpatizantes ao governo do Irã foram às ruas neste sábado (6) em reação contrária a série de protestos realizados no país . O ato de apoio ao governo iraniano acontece um dia após o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, qualificar a reunião de sexta-feira (5) no Conselho de Segurança da ONU, requerida pelos Estados Unidos, para discutir os protestos, como "outro equívoco na política externa" do governo do presidente Donald Trump.
Pelo Twitter, Zarif indicou que o Conselho de Segurança rejeitou a "tentativa norte-americana de se apropriar do seu mandato". "A maioria (dos países) insistiu na necessidade de implementar plenamente o JCPOA (acordo nuclear) e de se abster de interferir nos assuntos internos dos demais", acrescentou o chefe da diplomacia do Irã .
Na sexta-feira (5), durante a reunião de emergência da ONU , os Estados Unidos acusaram o país iraniano de "privar seu povo dos principais direitos humanos" e de financiar "ditadores e assassinos". O encontro foi pedido por Washington, com discordância da Rússia e da China.
“Fim” dos atos contra o governo
Na quarta-feira (3), o chefe das Guardas Revolucionárias iraniano Mohammad Ali Jafari declarou o “fim da sedição" no país , em referência à onda de protestos contra o governo que tomaram as ruas do país nos últimos dias.
O anúncio, publicado no site oficial das Guardas Revolucionárias, se dá simultaneamente às manifestações pró-governo chamadas pelo grupo para fazer frente às manifestações oposicionistas. De acordo com a rede britânica BBC, 21 pessoas morreram nos protestos, que começaram no dia 28 de dezembro e já são tidos como os mais expressivos da década no país.
Inicialmente, o que motivou as manifestações foi a insatisfação com a corrupção da classe política, a alta taxa de desemprego e a elevada inflação – alguns produtos básicos, como ovos, conheceram um aumento de preço de 40% nos últimos meses, apontou o jornal Washington Post. À medida que se alastraram pelo país, contudo, tomaram uma feição anti-governo mais evidente, com manifestantes atacando prédios públicos e confrontando a polícia.
Chefiadas por Jafari, as Guardas Revolucionárias se tratam de uma força de segurança paralela leal ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. Em seu pronunciamento, ele relativizou o tamanho das manifestações, afirmando que havia “um máximo de 1.500 manifestantes em cada cidade” e que o número de manifestantes hostis “não excedia 15 mil pessoas em todo o país".
Jafari também acusou os Estados Unidos, e em especial a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, por criar o ambiente propício a “tumultos, anarquia, insegurança e intriga” no país. Respondendo as críticas quanto a atuação da Guarda Revolucionária, o general afirmou que ela interveio apenas de maneira “limitada” em três províncias do país.
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Os comentários de Jafari vão na linha dos do o aiatolá Ali Khamenei, que culpou os “inimigos do Irã Islâmico” de tentar impor ameaças culturais, econômicas e de segurança que teriam levado aos protestos no país. Embora o aiatolá não tenha especificado quais seriam estes inimigos, analistas da conjuntura internacional ouvidos pelo jornal The New York Times entenderam que ele se referia aos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita.
* Com informações da Ansa