O Ministério das Relações Exteriores informou neste domingo (24) que não há previsão para o envio de um novo embaixador brasileiro para a Venezuela. O diplomata Ruy Carlos Pereira foi declarado nesse sábado (23) "persona non grata" pela Assembleia Constituinte do país
, casa dominada por aliados políticos do presidente Nicolás Maduro, e está impedido de retornar a Caracas.
Conforme noticiado pelo jornal O Estado de São Paulo , o posto de Ruy Pereira deve ser provisoriamente ocupado pelo integrante do corpo diplomático brasileiro na Venezuela encarregado de negócios. Trata-se do segundo representante do Brasil há mais tempo em solo venezuelano, atrás somente do próprio Ruy Pereira, que ocupava o cargo desde 2013.
Logo após a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, anunciar a decisão de expulsar o embaixador brasileiro, o Itamaraty divulgou nota afirmando que o Brasil "aplicará as medidas de reciprocidade correspondentes". É esperado que o embaixador venezuelano no País, Alberto Efraín Castellar Padilla, também seja declarado "persona non grata".
O Ministério das Relações Exteriores informou que ainda não foi comunicado da decisão. "Caso confirmada, essa decisão demonstra, uma vez mais, o caráter autoritário da administração Nicolás Maduro e sua falta de disposição para qualquer tipo de diálogo", informou o Itamaraty, em nota.
O chefe da pasta, ministro Aloysio Nunes (PSDB), ainda não se manifestou sobre o caso.
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Entenda a expulsão do embaixador brasileiro
A Assembleia Constituinte venezuelana foi eleita sob protestos violentos em agosto desse ano, num processo em que opositores ao chavismo alegaram ter sido manipulado pelo presidente Nicolás Maduro. Tão logo os integrantes do órgão tomaram posse, foi aprovada medida para reduzir as atribuições da Assembleia Nacional, o Congresso venezuelano, tomando para si as incumbências do Poder Legislativo no país.
A presidente da Assembleia Constituinte afirmou ao anunciar a expulsão do embaixador Ruy Pereira que a medida será mantida até que "se restitua a ordem constitucional que o governo Temer rompeu no Brasil, após a destituição da presidente Dilma Rousseff".
Além de Pereira, Delci Rodríguez também declarou o encarregado de negócios do Canadá "persona non grata". No caso do diplomata canadense, "a medida é uma resposta a sua permanente, insistente e grosseira intromissão nos assuntos internos da Venezuela", afirmou.
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