Wilbur Ross, que além de secretário, é amigo de Donald Trump, começou a investir na empresa russa em 2014
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Wilbur Ross, que além de secretário, é amigo de Donald Trump, começou a investir na empresa russa em 2014

A polêmica relação entre o atual governo dos Estados Unidos e a Rússia ganhou mais um capítulo após a divulgação dos dados internos do escritório especializado em offshores Appleby, que foram revelados neste domingo (5) . Entre os mais de 13,5 milhões de documentos divulgados, há a informação de que o atual secretário de Comércio da administração de Donald Trump, Wilbur Ross , fez investimentos na empresa Navigator Holdings, que produz navios.

A companhia é uma das maiores parceiras de uma produtora de gás russa, que pertence a Kirill Shamalov, genro do presidente russo, Vladmir Putin . Ross, que além de secretário, é amigo de Donald Trump , começou a investir na empresa russa em 2014, época que diversos governos ocidentais impuseram sanções à companhias russas por conta da anexação do território da Crimeia, que pertencia à Ucrânia.

Segundo o jornal americano The New York Times , o secretário tinha no ano passado quase 31% das ações da Navigator, que é mantida nas ilhas Cayman, um dos mais famosos paraísos fiscais do mundo.

Ainda de acordo com o jornal, Ross diminuiu sua participação na empresa russa assim que assumiu o cargo no governo, mas manteve "investimento em parcerias entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões”.

Em sua defesa, Ross afirmou que as informações estão "completamente erradas" e que não há nenhuma ilegalidade na sua relação com a empresa russa. "Tratava-se apenas de uma relação comercial normal", disse à mídia, ressaltando que a companhia não estava entre aquelas que foram alvo de sanções.

Por sua vez, o governo Trump informou que tudo ocorreu antes dele assumir o cargo e que não há nenhuma ligação política nisso.

No entanto, opositores afirmam que Ross ocultou essas informações quando foi prestar esclarecimentos ao Senado e o acusaram de não ser leal. Ter um investimento em uma empresa offshore não é algo ilegal, mas é uma manobra que causa uma redução no pagamento de impostos.

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A manobra no meio político, especialmente os que atuam na área econômica, é uma contradição, pois indica que a pessoa não quer pagar impostos em seu país-natal. Atualmente, o Congresso investiga a influência do governo de Putin nas eleições presidenciais de novembro do ano passado.

Rainha britânica

A revelação dos documentos atingiu também a rainha britânica Elizabeth II . De acordo com os dados  revelados pelo "Paradise Papers" – como foi batizado o escândalo – , a monarca teria investido cerca de 10 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 43 milhões) em fundos nas ilhas Cayman e Bermudas, dois conhecidos "paraísos fiscais".

O dinheiro seria proveniente do ducado de Lancaster, que é de propriedade da monarca. Por conta disso, políticos do país se manifestaram sobre o caso – e alguns até exigiram um pedido de desculpas.

A premier britânica Theresa May pediu que fosse feita uma sessão no Parlamento sobre evasão fiscal e investimentos em empresas offshore que ficam em paraísos fiscais pelo mundo. A ideia seria ter uma maior transparência fiscal no país.

Já os líderes de outros partidos exigiram uma resposta mais dura do governo e também da monarquia. Jeremy Corbyn, principal líder da oposição, exigiu que Elizabeth II apresente um pedido formal de desculpas por "tirar" o montante do país e "prejudicar" a arrecadação de impostos.

No entanto, defensores da rainha informam que há a possibilidade dela sequer saber desse tipo de investimento, já que sua fortuna é gerida por uma série de assessores.

Paradise Papers

Os dados do já intitulado "Paradise Papers" foram entregues ao mesmo grupo de jornalistas que divulgou as informações do "Panamá Papers" – escândalo envolvendo o escritório Mossack Fonseca.

A lista conta com 127 personalidades internacionais em meio a 13,5 milhões de documentos divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).

Assim como ocorreu no escândalo "Panamá Papers" de 2016, os jornalistas espalhados por 67 países fizeram investigações sobre esses dados. A divulgação é considerada o maior vazamento de documentação de títulos da história.

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Assim como no primeiro escândalo, parte dos documentos foi divulgada neste domingo (5) pelo jornal alemão "Süddeutsche Zeitung”.

Além do secretário de Comércio da administração de Donald Trump e da rainha Elizabeth II, também foi citados os músicos Bono Vox e Madonna , o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos e os ministros brasileiros Henrique Meirelles (Fazenda) e Blairo Maggi (Agricultura).

* Com informações da Ansa

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