O presidente da Venezuela , Nicolás Maduro, afirmou, na noite desta sexta-feira (9), que admite a 'possibilidade de se tornar um ditador', se preciso for, para alcançar o seu objetivo de voltar a dar estabilidade econômica para o país.
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"Pode ter chuva, trovão ou relâmpago. Vamos conseguir a paz econômica, a prosperidade e a estabilidade de preços. Eu quero fazer isso direito, mas se eu tiver que fazer isso de forma ruim e me tornar um ditador para garantir os preços às pessoas, eu vou fazer", afirmou Nicolás Maduro .
A declaração foi feita pelo mandatário em um pronunciamento transmitido pela TV estatal. Suas palavras foram consideradas polêmicas também por conta do contexto em que elas se aplicam: um período de forte oposição na Venezuela.
Maduro vem tomando uma série de medidas criticadas pela oposição e pela comunidade internacional para se manter no poder, como a convocação de uma Assembleia Constituinte .
Ainda em seu discurso, o presidente venezuelano afirmou que estabilizar os preços é "um objetivo nacional" que interessa tanto a produtores como os distribuidores.
Os dados da inflação oficial no país não são anunciados, mas a oposição estima que ela tenha atingido cerca de 250% entre janeiro e julho deste ano. Entidades privadas, no entanto, chegam a falar em inflação de 700% para todo o ano de 2017.
Tortura e maus-tratos
Maduro falar em ditadura é preocupante. Afinal, no mês passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou a Venezuela por práticas de tortura e maus-tratos de maneira “generalizada e sistemática” contra mais de cinco mil manifestantes e detidos no país, medidas típicas de uma nação ditadora.
De acordo com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em relatório preliminar sobre a situação na Venezuela, as práticas de tortura e maus-tratos começaram junto da onda de protestos anti-Maduro, em abril deste ano, com o uso excessivo de força contra os manifestantes de oposição – prática que se revela um “padrão claro”, segundo a ONU.
Para chegar às conclusões apresentadas no relatório, foram realizadas 135 entrevistas com testemunhas. Tais questionários foram realizados à distância a partir da Suíça e do Panamá, uma vez que o governo de Nicolás Maduro recusou o acesso ao país.
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* Com informações da Agência Ansa.