Em um quarto de hospital no Iêmen, sons suaves são colocados para a pequena Buthaina, uma menina de cinco anos, internada após ser vítima de um bombardeio na capital do país. Ela sorri, mas as lágrimas caem de seus olhos. Então, pega seus giz de cera e começa a fazer desenhos de sua família. As informações são da rede de TV CNN .
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Buthania Muhammad Mansour al-Raimi é a única sobrevivente de sua família depois de um bombardeio ter atingido o prédio onde moravam, na capital do Iêmen
, realizado no dia 25 de agosto, segundo informaram os ministérios pelos Direitos Humanos para os Houthi e o da Comunicação. Ainda de acordo com as autoridades, os pais e os cinco irmãos da menina estão entre os 16 mortos daquele dia.
A criança, agora sob os cuidados de uma tia e um tio, ainda não sabe sobre a morte de toda sua família. Os parentes e os médicos estão aguardando a melhora de seu quadro para contar sobre o destino trágico dos pais e irmãos.
As imagens feitas logo depois do bombardeio mostram a menina sendo retirada dos destroços, com os olhos inchados e o rosto todo ferido. Logo depois de a imprensa ter divulgado a foto, jornalistas tentaram entrevistar a pequena, que ainda estava em uma cama de hospital. Para tanto, ela tentou abrir um de seus olhos para poder enxergar quem é que estava falando com ela.
Um gesto pequeno, inocente e quase de sobrevivência. E que se tornou símbolo da violência que atinge seu país. A fotografia foi capturada e divulgada de maneira massiva pelas redes sociais, também sendo utilizada em uma campanha que tenta divulgar internacionalmente o problema grave e a crise humanitária que assola o Iêmen. Assim, centenas de tuítes estão mostrando pessoas que “imitam” o gesto de Buthaina , de tentar abrir um olho, com as hashtags de apoio.
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O caso de Buthaina
A menina de cinco anos permaneceu durante todos esses dias no hospital, acompanhada pelos parentes e outros amigos da família. Segundo os médicos, Buthaina teve uma fratura no crânio e muitas feridas por todo o corpo. O tio afirma que “não sabe quando ela receberá alta”.
Os primos da menina tentam entretê-la com bonecas e brinquedos, enquanto ela ainda permanece sob observação. “Ela perdeu toda sua família. Faz 10 dias desde que eles morreram, e ela ainda pergunta ao tio quando seus pais irão visita-la”, conta o responsável pelo Departamento de Emergências do hospital que cuida de Buthaina à rede de TV CNN.
“Eu nunca vou poder substituir seu pai, mas ela será minha filha de agora em diante, para sempre. Nós esperamos que nossa perda possa levar ao fim dessa guerra que já dura três anos, e já devastou o país, matando milhares de crianças inocentes”, diz o tio e tutor de Buthaina, Ali al-Raimi.
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Desde março de 2015, o Escritório de Direitos Humanos da ONU documentou ao menos 13,8 mil vítimas na guerra civil do Iêmen, incluindo mais de cinco mil pessoas mortas. A Unicef também alertou para o problema no país, afirmando que esta é “a maior crise humanitária do mundo”. O país também sofre um surto de cólera
, com mais de 600 mil casos suspeitos registrados pela Organização Mundial de Saúde em apenas quatro meses.
*As informações e reportagem são da CNN