Após quase dois anos sem realizar execuções, o estado da Flórida, nos Estados Unidos, usou uma injeção letal com uma droga que nunca havia sido empregada no país anteriormente para executar o detento Mark Asay na quinta-feira (24). Aos 53 anos, Asay foi condenado à morte em 1988 pelo duplo assassinato, com motivação racial de um negro, Robert Lee Bookeer, e de um hispânico, Robert McDowell, em Jacksonville, Louisiana.
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Na aplicação da sentença, o estado norte-americano utilizou um "coquetel" da droga etomidato, sedativo nunca antes usado em uma execução. O medicamento irá substituir o midazolam, outra droga polêmica nos Estados Unidos .
A nova medida fez o réu entrar com uma ação judicial para suspender a execução. No entanto, no início do mês, o Supremo Tribunal da Flórida negou o pedido.
De acordo com a juíza Barbara Pariente, o estado teria tratado Asay "como uma cobaia de seu mais novo protocolo de injeção letal". Segundo o Centro de Informações sobre Pena de Morte, ele é o primeiro homem branco a ser executado por crime racial desde que a pena de morte foi restabelecida na Flórida, em 1976.
Onda supremacista avança
Segundo analistas norte-americanos, os protestos realizados em Charlottesville, em meados de agosto , expõem a força que a extrema-direita ganhou nos últimos meses. Desse modo, os confrontos entre os integrantes da “União da Direita” e os grupos antifascistas acabam revelando um alto grau de intolerância e violência, que cresce no país.
Durante os protestos, os simpatizantes da supremacia branca utilizaram de símbolos ligados ao nazismo, ao movimento dos confederados e da Ku Klux Klan . Por exemplo, algumas pessoas carregaram bandeiras dos Confederados, usada no século 19 pelos estados do Sul do país, que desejavam se separar do Norte porque discordavam da abolição da escravatura. Além disso, foram utilizadas tochas em referência à entidade banida nos EUA, que lutou contra o movimento de direitos civis liderado por Martin Luther King Jr. nos anos 1970.
Do outro lado, protestaram grupos liberais antissexistas, pró-imigrantes e integrantes do “Black Lives Matter” (Vida dos negros têm valor, em tradução para o português), movimento conhecido pelas marchas em defesa dos negros no país nos últimos anos. Segundo jornalistas e testemunhas que acompanharam a marcha desse fim de semana, houve dificuldade da polícia em coibir a violência verbal e física dispensadas nos protestos.
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Com tudo isso, a preocupação em relação ao crescimento da onda conservadora de extrema-direita nos Estados Unidos é crescente. O general H.R. McMaster, conselheiro de segurança do governo, também disse o conflito em Charlottesville foi um “ato de terrorismo ”.
* Com informações da Ansa