Após o agravamento da crise política e o desencadear de uma onda de violência na Venezuela, o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) do país voltou a deter, na madrugada desta terça-feira (1º), os políticos Leopoldo López e Antonio Ledezma, dois dos principais líderes da oposição ao presidente Nicolás Maduro. A denúncia partiu de familiares e aliados dos dois políticos, que cumpriam prisão domiciliar.
"Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde ele está e nem para onde o levaram. [Nicolás] Maduro é responsável se algo acontecer", escreveu a esposa de López, Lilian Tintori, em sua conta no Twitter. Pouco tempo depois, ela publicou um vídeo com imagens das câmeras de segurança de sua casa. A gravação mostra os agentes do serviço de inteligência da Venezuela colocando o líder da oposição em um carro oficial.
Já a prisão de Ledezma, ex-prefeito da capital Caracas, foi denunciada por diversos políticos, entre eles Richard Blanco, coordenador do partido Alianza Bravo Pueblo (ABP).
Alguns dirigentes do Vontade Popular (VP), o partido de López, bem como do ABP, a legenda de Ledezma, reiteraram essas informações, responsabilizaram o presidente Nicolás Maduro pela integridade física de ambos e asseguraram desconhecer o local para onde eles foram levados.
Histórico de prisões
Leopoldo López foi preso em fevereiro de 2014 e posteriormente condenado a 13 anos e 9 meses de prisão por associação para crimes, incêndio, danos à propriedade pública e instigação de violência em protestos.
No dia 8 de julho, ele foi libertado do presídio de Ramo Verde para cumprir sua condenação em regime domiciliar após cerca de três anos detidos.
O ex-prefeito de Caracas estava em regime domiciliar por motivos de saúde após a prisão em 2015 sob a acusação de conspiração golpista e instigação à violência em protestos.
Apesar de não haver informações oficiais pela prisões, é muito provável que elas estejam relacionadas com a série de protestos que estão ocorrendo contra o presidente Nicolás Maduro. Eles se intensificaram no último domingo (30), quando ao menos 10 pessoas morreram durante a votação da Assembleia Constituinte.
A oposição convocou uma série de protestos, que ocorrem desde o dia 1º de abril, contra a Constituinte por considerar que a eleição viola os princípios da Constituição venezuelana e por acusar Maduro de querer se perpetuar no poder.
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Sanções dos EUA
Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , anunciar que seu governo estava impondo sanções contra Maduro e representantes de seu governo, o líder de Caracas afirmou que as sanções "do império" não o "intimidam" e que elas são sinal "de impotência e desespero de Trump".
"Não me intimidam as ameaças e sanções do império, não me intimidam nada neste mundo. Nesse mundo não tenho medo de nada porque Deus não o temo, eu o amo. Eu não obedeço ordens imperiais de governos estrangeiros, nem hoje nem nunca obedecerei ordens imperiais", disse Maduro a seus pares.
O presidente venezuelano afirmou ainda que é um líder "livre e independente", mas "anti-imperialista, anticolonialista, antirracista e contra o Ku Klux Klan que governa a Casa Branca", em uma referência ao grupo de supremacistas brancos norte-americanos.
"Mais de 10 milhões de pessoas na Venezuela estão dispostas a pegar em fuzis apara defender a América se for necessário", ameaçou ainda.
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*Com informações e reportagem da Ansa e da Agência Brasil