Neste domingo (18) os eleitores franceses voltaram às urnas para decidirem quais seriam os deputados a ocuparem as cadeiras do poder legislativo. Com a maioria absoluta dos votos, o partido do presidente eleito em maio, Emmanuel Macron, A República em Marcha (LRM), saiu vitorioso com a conquista de 355 assentos na Assembleia Nacional, conforme apurou o instituto Elabe.
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De acordo com as pesquisas de intenção de voto feita pela Ipsos-Sopra Steria, o sucesso do partido de Macron nas eleições é "esmagador, mas não um tsunami". O LRM, partido centrista formado há pouco mais de um ano, ocupará mais de 60% das 577 vagas disponíveis na Assembleia Nacional francesa.
O partido conservador Os Republicanos (LR) foi o segundo mais votado a conquista de 125 cadeiras. O Socialista ficou com 49 e o partido de extrema direita Frente Nacional (FN), da ex-candidata a presidência da França Marine Le Pen, obteve apenas 8 cadeiras.
Conforme as declarações de Macron, a conquista do LRM pela maioria das cadeiras vai dar ao presidente mais respaldo para que ele possa avançar com as mudanças prometidas, que incluem alterações nas leis trabalhistas para facilitar contratações e demissões.
O jovem partido, composto por 50% de mulheres e os outros 50% de políticos mais novos, tem um diferencial que poderá dar ao povo francês uma Câmara Baixa diferenciada e, segundo o que promete a sigla, renovada do velho modelo repleto de casos de corrupção que vem perdendo a credibilidade.
Abstenção
Segundo o líder do partido Os Republicanos, François Baroin, o "veredito das urnas é claro".
Com aproximadamente 47 milhões de eleitores franceses apenas 35,33% desse total compareceu às votações, segundo dados do Ministério do Interior. Esse número corresponde a um novo recorde de abstenção nas urnas, superando os 40,75% dos eleitores que votaram no primeiro turno.
Após o fechamento das urnas, o secretário-geral do Partido Socialista francês, Jean-Christophe Cambadélis, anunciou sua renúncia. "Apesar da abstenção alarmante, o triunfo de Emmanuel Macron é inegável", disse Cambadélis, reconhecendo "a derrota da esquerda".
Mais de 65 mil mesas de votação da França metropolitana foram abertas hoje, às 7h (3h em Brasília) para receber o público. As urnas foram fechadas definitivamente às 17h, de acordo com o horário local.
Concorreram hoje os candidatos que obtiveram mais de 15% dos votos no domingo passado. Diante de um forte esquema de segurança, as eleições acontecem em meio ao estado de emergência pelo qual passa o país desde os atentados de 2015.
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Macron
Emmanuel Macron votou pouco depois das 9h, no horário local, neste domingo. O presidente foi sozinho até sua seção eleitoral em Le Touquet, uma área costeira no noroeste do país, que fica nos arredores de uma residência que ele possui com a esposa Brigitte.
Após o ato, ele chegou a cumprimentar uma multidão de vizinhos. Mas logo precisou pegar um helicóptero para ir ao Mont-Valérien, onde, ao lado da ministra da Defesa, Sylvie Goulard, iria participar de uma cerimônia militar.
Primeiro turno
A primeira parte das eleições também foi marcada pelo grande número de abstenções nas urnas. Um em cada dois franceses com direito a voto não apareceu nas salas de votação. A falta de eleitores presentes faz com que os correligionários de Macron tenham ainda mais chances de vitória no segundo turno. Mas é preciso ficar atento, já que o desinteresse do público pelas votações demonstra também insatisfação política.
Os candidatos do partido conservador Os Republicanos ficou com o segundo lugar, com 21,56% dos votos. Esse deverá ser o principal partido da oposição. Já a Frente Nacional, que tem Marine Le Pen como representante – que disputou as eleições presidenciais com Macron no segundo turno -, terminou a primeira parte das eleições legislativas em terceira posição, com 13,44%.
As forças esquerdistas ficaram com 10,96% para o França Insubmissa e apenas 9,47% dos votos foram para o Partido Socialista, que perdeu popularidade durante o governo de François Hollande, quando 314 assentos eram dos socialistas.
*Com informações da Agência Brasil e Ansa
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