Pelo menos duas pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas na Venezuela, durante as manifestações desta quarta-feira (19), que foi apelidada de “mãe de todas as marchas contra o governo”. O país vive um período de tensão política, com protestos de oposição estourando por todo o território e a forte repressão da polícia a mando de Nicolás Maduro.
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O temor de derramamento de sangue na Venezuela foi alimentado ainda mais depois que o presidente Nicolás Maduro colocou tropas nas ruas, forneceu armas às milícias e conclamou uma manifestação simultânea de seus partidários contra o que ele disse ser um golpe apoiado pelos Estados Unidos.
As imagens da TV estatal mostraram milhares de militantes leais do governo vermelho na marcha rival "para defender a pátria". No entanto, o número de manifestantes contra o governo foi superior, reunindo uma grande multidão no distrito de Baruta para expressar a raiva e frustração pela crise econômica que tem assolado o país nos últimos anos.
Muitos culpam o atual presidente venezuelano pela alta inflação e pela escassez crônica de alimentos, remédios e outros bens básicos. O canto “Esta es la ruta para salir del hijueputa ” ( “Este é o caminho para derrubar o filho da puta”) ecoou várias vezes ao redor do centro da cidade.
Mortes
A primeira morte desta quarta-feira foi de um jovem de 17 anos baleado na cabeça por um grupo de motoqueiros em San Bernadino, noroeste de Caracas. Segundo a mãe do adolescente, Carlos José Moreno era estudante de Economia da Universidade Central do país e "não estava envolvido no protesto", "só estava passando no lugar no momento dos disparos", contou a mulher aos jornalistas.
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A região onde estava o jovem era um dos pontos de concentração da marcha de oposição que pretendia chegar à Defensoria Pública de Caracas e, segundo fontes, os motoqueiros eram pró-governo do presidente Nicolás Maduro.
Já a segunda vítima foi uma mulher, de 24 anos. Ela foi baleada em um tiroteio durante um comício no estado de Táchira, no noroeste da nação latina.
Com os dois casos desta quarta-feira, o número de mortes nas recentes manifestações subiu para sete. Segundo a ONG Foro Penal, que acompanha abusos de direitos humanos, pelo menos 24 pessoas foram detidas por participação na manifestação.
Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está muito preocupado com a situação da crise política venezuelana, afirmou nesta quarta-feira (19) o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson. Segundo o alto funcionário da Casa Branca, o mandatário tem certeza de que homônimo venezuelano, Nicolás Maduro, está tentando "sufocar" a voz de seus opositores.
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Além disso, Tillerson explicou que Trump está preocupado com "a violação da Constituição" da Venezuela que foi cometida pelo presidente na nação e disse que o governo de Caracas "não permite que a oposição fale libertamente e se organize para poder exprimir o pensamento do povo venezuelano".
* Com informações da Ansa